Jornal Correio Braziliense

Economia

Crise econômica e insegurança reduz o consumo das famílias brasileiras

Altas da inflação e dos juros inibiu gastos, que recuaram 4% no ano passado, o pior resultado desde 1996. Desemprego e queda na renda devem agravar a situação nos lares



O aumento do desemprego e da inflação, além da retração do mercado de crédito e da massa salarial levaram o consumo das famílias a registrar o pior resultado da série histórica, iniciada em 1996: uma queda de 4%, no ano passado. Esse foi o primeiro recuo desde de 2003. Em valores correntes, os brasileiros gastaram R$ 3,7 trilhões, conforme os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mercado, os analistas avaliam que o desempenho negativo se repetirá em 2016, já que não há qualquer perspectiva de melhora da economia a curto prazo.

[SAIBAMAIS]Rebeca de La Rocque Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, detalhou que o ano passado foi marcado pela combinação preserva de alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e elevação da taxa básica de juros (Selic). Para ela, além da renda pressionada e do encarecimento do crédito, os brasileiros deixaram de ir as compras porque ficaram desempregados. Ao todo, 9,1 milhões de pessoas estão desocupadas. ;Tudo isso, aliado à desvalorização cambial que encareceu produtos com componentes importados, afeta negativamente o consumo;, ressaltou.

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As famílias têm sentido na pele a piora do quadro econômico. Antônia Marques, 40, vende pastéis, cuscuz e marmitas para sobreviver. Mãe solteira, ela conta com a ajuda dos filhos Fernanda, 15 anos, e Fernando, 21, para preparar a comida.

Ela contou que, no último ano, a situação piorou. ;Até 2014 eu pagava as contas, fazia unha, cabelo e comprava roupas com frequência. Hoje, já não sei mais o que é cuidar de mim. Não consigo ajudar nem meus pais, que moram no Piauí. Eu trabalho e o que ganho é somente para sobreviver;, lamentou.

O contador Agnaldo Ramos, 41, perdeu vários clientes com a crise e tem sofrido com a queda do padrão de vida. Decidiu cursar a faculdade de direito para tentar melhorar o salário, mas, enquanto não se forma, mudou totalmente os hábitos de consumo com o encarecimento de produtos e serviços. O filho mais novo, Guilherme, 6 anos, deixou de comer iogurtes e guloseimas. A tevê por assinatura foi cortada e o outro filho, Mateus Ramos, 23, o ajuda a fazer as compras semanais. ;Não está fácil e a gente vai tentando se esquivar da crise controlando o consumo.;

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