As empresas brasileiras que precisarem tomar empréstimos no exterior vão enfrentar um quadro bastante adverso com o novo rebaixamento do país pela Standard & Poor;s (S). O crédito ficará mais caro e escasso. Com isso, projetos de investimentos tenderão a ser adiados, restringindo a oferta de vagas e contribuindo para a redução da renda dos trabalhadores. ;Teremos tempos ainda mais difíceis pela frente;, disse Hugo Monteiro, da BullMark Financial Group. Para ele, a perspectiva é de que o quadro econômico se agrave, com a recessão fazendo estrago maior na vida das empresas e dos consumidores.
[SAIBAMAIS]O analista chamou a atenção ainda para a disparada da dívida pública. Como o governo terá mais dificuldade para se financiar no mercado, será obrigado a emitir títulos para conseguir honrar seus compromissos em dia. O resultado será mais desconfiança e possíveis novos rebaixamentos do país, uma vez que o endividamento atingirá níveis alarmantes, de mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB), índice característico de países à beira do calote.
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;Há custo elevado para o governo pegar dinheiro emprestado no mercado. Se a estrutura de dívida e de pagamento piora, os credores cobrarão mais para emprestar. Se não quiser emitir mais títulos para se financiar, o governo terá que ampliar a arrecadação por meio de impostos. Qualquer que seja a alternativa, é ruim para o país;, afirmou Monteiro. O ideal, acrescentou, seria um ajuste fiscal consistente. Como ele não existe, o país paga caro.
O rebaixamento do Brasil pela S, no entanto, não surpreendeu o mercado financeiro. Segundo o diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fabio Silveira, os investidores já vinham antecipando a decisão da agência. Isso não diminui, porém, a preocupação dos impactos da medida na economia. ;O fato em si implica em adiamento da retomada do crescimento. Fica mais distante observar no horizonte quando o país sairá da recessão;, frisou, reforçando a expansão do PIB em 2017, mesmo que mínima, se tornou mais difícil.
Na opinião de Silveira, o país chegou ao ponto em que o aumento de carga tributária será um ;mal necessário; para evitar um ;mal ainda maior;. ;Temos muitas despesas contratadas e menos certezas de receitas para fazer frente aos gastos. Corremos o risco de que vários direitos assegurados pela constituição podem não ser atendidos, como serviços públicos de saúde e educação e o pagamento de salários aos servidores;, disse.