Jornal Correio Braziliense

Economia

Brasil vira 'lixo' para S e retrocede dez anos

Agência de classificação de risco considera improvável que haja correção da política fiscal e rebaixa o país pela segunda vez em menos de seis meses. Redução da nota para BB dificultará o ingresso de recursos necessários para a retomada do crescimento

As barbeiragens do governo na condução da política econômica fizeram a avaliação de risco do Brasil retroceder 10 anos. Ontem, a agência de classificação Standard & Poors rebaixou a nota de crédito do país para o grau considerado ;lixo;, o que significa que o Brasil, que já tinha perdido o selo de bom pagador no ano passado, agora é considerado de alto risco. O rebaixamento de BB%2b para BB ocorreu mais rápido do que se esperava e vai balançar os mercados financeiros. A medida dificulta a recuperação da confiança e deve afundar ainda mais o país na recessão.

A justificativa da agência é que os desafios políticos e econômicos do Brasil continuam consideráveis. ;O processo de ajuste deve ser mais prolongado, com ajuste fiscal lento e continuidade da contração econômica este ano;, argumentou. A S também avaliou os passivos do país, como a dívida da Petrobras, de mais de R$ 500 bilhões, a maior do mundo entre empresas petrolíferas. Como a petroleira está muito enfraquecida financeiramente, a agência considera alta a probabilidade de o governo precisar fazer aportes extraordinários na companhia.

[SAIBAMAIS]Para piorar, além de jogar a nota do país no lixo, a agência manteve a perspectiva negativa, o que significa que mais rebaixamentos estão por vir, além dos diversos downgrades de empresas que devem suceder essa reavaliação. ;Achamos que não deve ocorrer reversão do quadro, dadas as iniciativas políticas inconsistentes do governo, o que deve resultar em maior turbulência econômica;, justificou. A percepção é de que o perfil de crédito do Brasil se agravou muito desde setembro de 2015, quando a S tirou o grau de investimento, passando a nota de BBB- para BB%2b, com perspectiva negativa.

Pelo Twitter, o diretor do Departamento Econômico do Bradesco, Octavio de Barros, disse que a S reagiu à proposta do governo de ;meta flexível de primário, às novas frustrações com o primário e à certeza da piora da relação dívida/PIB, com menor crescimento do Produto Interno Bruto;.

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A agência avisou que mais um downgrade era possível, mas o movimento, apenas dois meses após a advertência, ressaltou a rapidez com que a economia brasileira e as finanças públicas se deterioraram desde então. Para a S, é improvável uma correção da política fiscal pela incapacidade do governo de aprovar medidas, agora agravadas pela possibilidade de um impeachment da presidente Dilma Rousseff. ;Além da falta de coesão dentro do gabinete da Presidência, há as incertezas durante ou após um possível processo de impeachment;, argumentou.

;Apesar de o governo planejar uma reforma estrutural, como a previdenciária, o ambiente político com o processo de impeachment no Congresso vai limitar a viabilidade de aprovação dessas medidas, independentemente de quem seja o presidente;. Além disso, explicou a S, as investigações de corrupção em curso continuam a pesar sobre a coesão política num curto prazo.

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