O topo do mundo profissional está ficando cada vez mais feminino. Mas isso ainda está longe de resultar em uma mudança de hábitos, e as maiores vítimas são as próprias mulheres. Quando ocupam altos cargos, elas tendem a replicar o comportamento vicioso dos homens em relação a si e aos subordinados.
Pesquisa da médica Meghan Fitzgeral, professora da Escola de Saúde Pública da Universidade Columbia, mostrou que executivas norte-americanas estão deixando de lado o cuidado com a própria saúde em troca da evolução na carreira. Elas trabalham excessivamente, não têm tempo para fazer exercícios físicos, ou mesmo para ir ao médico ou fazer exames. E se queixam de estar muito acima do peso.
[SAIBAMAIS]Embora o estudo não tenha abordado práticas profissionais, o que se vê com frequência em ambientes corporativos são frustrações de subordinados quando veem chefes mulheres replicarem práticas arcaicas do mundo do trabalho. Executivas ouvidas pelo Correio garantem que é possível fazer diferente, mas atestam que sentem, sim, muitos erros sendo repetidos. ;Infelizmente, há mulheres que são mais machistas do que homens. É muito triste;, comenta a publicitária Renata D;Avila, vice-presidente da Lew;Lara/TBWA.
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Para Mario Cesar Ferreira, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), as transformações sociais ficaram muito aquém do que as pessoas imaginam, por isso não é surpreendente que muitas mulheres reproduzam antigos modelos para si mesmas nos ambientes em que trabalham. ;Em pleno século 21, os resquícios da sociedade patriarcal ainda são muito fortes;, diz. Ele afirma que tanto mulheres quanto homens se veem obrigados a trabalhar excessivamente caso queiram ser promovidos, e mais ainda depois disso. ;Desde os anos 1980, com a globalização, isso se intensificou muito. Voltamos a situações da época da Revolução Industrial, em que as pessoas trabalhavam bem mais de 12 horas por dia;, compara.
Meghan Fitzgerald, da Universidade Columbia, não comparou homens e mulheres ; pretende fazer isso em outra etapa da pesquisa. Ela entrevistou 369 executivas das 500 maiores empresas norte-americanas. Metade delas trabalham mais do que 50 horas semanais. E 2,5% ultrapassam as 70 horas ; são também as mais bem pagas, que recebem mais de US$ 250 mil (R$ 1 milhão) por ano. Metade das entrevistadas faz exercícios duas vezes por semana ou menos ; um quarto não tinha feito qualquer atividade física nos 30 dias anteriores. Do total, 41% afirmaram estar com sobrepeso.
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