No caso do feijão, a primeira safra, que não é irrigada e depende do clima, tem apresentado boas perspectivas. Em relação ao terceiro prognóstico, apresentado no mês passado, a estimativa de produção de feijão de 1; safra subiu 1,7%. Na comparação com o ano de 2015, o aumento na colheita será de 18,6%, segundo o levantamento do IBGE. No total, a produção alcançará 1,591 milhão de toneladas.
"O regime está mais chuvoso este ano do que em 2015", justificou Barradas, citando principalmente os Estados do Nordeste. O Ceará, por exemplo, deve saltar da 7; posição para a 2;, com incremento de 268,2% na produção. No ano passado, a região havia sido atingida pela seca. No Piauí, o avanço será de 111,8%.
O feijão 2; safra, cuja produção totalizará 1,328 milhão de tonelada, também é beneficiado pelo clima úmido. O aumento na colheita será de 1,8% em relação a 2015. "Tivemos quatro anos de seca no Nordeste, mas este ano está muito melhor. É uma espécie de redenção", disse Barradas.
Soja e milho
Apesar de o clima chuvoso ter favorecido culturas nas regiões Norte e Nordeste, os produtores do Centro-Oeste mantêm certa apreensão em relação ao regime de precipitações durante a safra de soja e milho, explicou Barradas. "Neste ano, a chuva atrasou no Centro-Oeste, o que atrasou o plantio de soja e deve atrapalhar o milho de 2; safra", disse.
"Hoje, não se sabe se vai ter janela para chuvas beneficiarem plantação de milho", acrescentou o gerente. Somado à tendência de substituição do milho 1; safra por soja, isso deve reduzir a oferta de milho no mercado doméstico no primeiro semestre, com repercussão sobre os preços do grão e de produtos que o utilizam como matéria-prima, como rações e carnes.
Além disso, o sul de Mato Grosso do Sul teve problemas de estiagem durante o mês de janeiro, explicou Barradas. "É uma área importante de produção no Estado. Isso acaba afetando as produções de soja e milho", afirmou o gerente.
O IBGE estima quedas de 3% e 7% para a produção de milho em 1; e 2; safras, respectivamente, ante o ano passado. Na soja, o impacto do clima ainda é mínimo. Entre dezembro e janeiro, a estimativa caiu 0,1%, para 102,689 milhões de toneladas, mas os técnicos do IBGE alertam que é preciso observar o comportamento nas próximas leituras.
Cana
O novo ordenamento nas lavouras de cana-de-açúcar, com proibição de queimas e aumento da mecanização, deve levar a uma redução na produção este ano a despeito dos preços mais competitivos de açúcar e etanol, afirmou Barradas. Segundo o órgão, serão colhidas 721,389 milhões de toneladas, queda de 4,4% ante 2015.
"Em São Paulo, as lavouras estão assumindo um novo ordenamento em função da proibição da queima e do aumento da mecanização da colheita. Como a mobilização de pesadas máquinas demanda logística adicional e custosa, lavouras mais distantes e localizadas em áreas de difícil acesso tendem a não ser replantadas", explicou Barradas.
Só em São Paulo, há expectativa de queda de 6,2% na produção de cana este ano. Com isso, a colheita do Estado sai da casa das 400 milhões de toneladas, de acordo com o IBGE. Também devem ter quedas Goiás (-8,4%) e Paraná (-0,4%).