O governo espera recuperação das exportações em 2016, disse hoje (1/02) o diretor de Estatística e Apoio à Exportação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Herlon Brandão. Segundo dados do ministério, a balança comercial brasileira teve superávit de US$ 923 milhões em janeiro, primeiro saldo positivo para o mês desde 2011 e melhor resultado desde janeiro de 2007. Ainda assim, as vendas externas mantiveram ritmo de queda no mês passado, tanto em relação a dezembro quanto em comparação a janeiro de 2015.
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O superávit comercial de janeiro resulta de uma queda das importações em ritmo mais intenso do que as exportações, como vinha acontecendo ao longo do ano passado. "Há uma queda das importações superior [à das exportações]. Na exportação, é causada pela redução nos preços [dos itens vendidos], enquanto a quantidade cresce. Nas importações, há queda tanto de quantidade quanto no preço", explicou Brandão. Segundo ele, o país está importando menos devido ao câmbio e à queda na atividade econômica.
No entanto, destacou o diretor, a expectativa de estabilização dos preços das commodities (produtos básicos com cotação internacional) agrícolas dá esperança ao governo de que as exportações brasileiras voltarão a crescer. "Tem alguns fatores negativos e positivos. Nós esperamos crescimento das exportações. Há uma incerteza quanto a preços das commodities minerais, como petróleo e minério [de ferro]. Mas nós esperamos uma estabilidade [de preço] das commodities agrícolas."
Brandão disse ainda que o superávit em janeiro está dentro do esperado para o ano. "Está dentro da trajetória do superávit para [o ano de] 2016", afirmou, lembrando que a projeção do ministério é a balança fechar o ano com saldo positivo de US$ 35 bilhões. Ele destacou também que os maiores superávits da balança comercial ocorrem, tradicionalmente, no meio do ano, quando os produtos da safra agrícola entram fortemente na pauta de exportações.
Petróleo
A conta-petróleo foi responsável por boa parte do superávit em janeiro. No mês passado, a diferença entre as exportações e as importações de petróleos e derivados ficou positiva em US$ 394 milhões, ou seja, o equivalente a 42,7% do saldo mensal. Tradicionalmente, a conta petróleo é deficitária. Herlon Brandão considerou o superávit em janeiro uma "flutuação esporádica", em razão da menor importação de gás e diesel e do aumento do volume exportado de petróleo no mês.
Para 2016, segundo ele, a projeção do governo é redução no déficit da conta-petróleo em relação a períodos anteriores. "Vai continuar o aumento da produção [de petróleo] e, por consequência, o aumento da exportação. Deve continuar também a redução das importações. Como o Brasil é importador [de petróleo], o menor nível de preço [do produto no mercado internacional] afeta as duas pontas [tanto as compras quanto as vendas] e faz com que o déficit da conta-petróleo diminua", analisou.
Nova metodologia
Os dados da balança comercial deste mês têm como base uma nova metodologia. A partir de agora, a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, responsável pelos dados, vai usar a Classificação por Grandes Categorias Econômicas para os produtos, em vez da Classificação Segundo o Uso e Destino Econômico.
Segundo o ministério, as mudanças não alteram os valores de exportação, importação e, consequentemente, do saldo comercial. O objetivo da alteração é igualar a classificação usada para balança à utilizada por organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e também pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).