Os trabalhadores do turno da manhã da fábrica da General Motors (GM) em São José dos Campos, no interior de São Paulo, já voltaram às suas funções nesta terça-feira (26/1), após a aprovação em assembleia do acordo firmado entre a empresa e o sindicato da categoria, na segunda-feira (25/1), no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), em Campinas. O acordo, contudo, não elimina a possibilidade de novas mobilizações como a última, que durou seis dias.
A normalidade na fábrica pode durar pouco porque a montadora pretende demitir cerca de 800 trabalhadores que estavam com contratos suspensos, e diante dessa possibilidade os sindicalistas prometem nova mobilização.
Renato de Almeida, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, confirma que o acordo firmado em agosto de 2015 para evitar demissões previa que os trabalhadores que entrassem em lay-off voltariam ao trabalho em janeiro, caso o mercado do setor tivesse apresentado melhora. Do contrário, estavam previstas demissões. "Ontem (25), a GM falou na frente do Tribunal que deve demitir, mesmo. O sindicato é veementemente contra e vai iniciar outra mobilização", afirmou. De acordo com o sindicalista, a GM vai abrir um Programa de Demissão Voluntária (PDV) e o número de adesões será abatido do total de trabalhadores que seriam demitidos.
Acordo
O acordo firmado entre a GM e representantes dos trabalhadores nesta segunda-feira previa o retorno ao trabalho nesta terça-feira, 26, além do valor de R$ 5.600,00 para a segunda parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), a ser paga na próxima segunda, 29. A proposta inicial da GM era de R$ 4.250,00 e os funcionários pediam, até última sexta-feira, R$ 7 750,00.
Também ficou acertada a compensação ou o desconto de metade dos seis dias parados ao longo dos próximos seis meses - ou seja, reposição de três dias por parte dos funcionários. Além disso, a primeira parcela do 13; salário será adiantada, com pagamento previsto para o dia 26 de fevereiro.
A montadora disse, em nota, considerar a decisão positiva, mas destacou que os problemas de produtividade na planta de São José não foram resolvidos. "A GM acredita que essa decisão é positiva, mas não resolve a situação de competitividade do Complexo de São José dos Campos, visto que a paralisação da operação na fábrica por seis dias só contribuiu para aprofundar a séria crise que afeta hoje a GM e a indústria automotiva."
"A companhia reafirma ainda que fez, desde 2012, todos os esforços para evitar o corte de empregados, incluindo férias coletivas, lay-off, banco de horas e programas de desligamento voluntário", afirmou a companhia em outro trecho da nota.
A assessoria de comunicação da montadora esclareceu ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real da Agência Estado) que, em agosto de 2015, 798 funcionários foram colocados em lay-off. A GM confirmou que o acordo judicial firmado à época já previa que esses empregados seriam desligados neste mês de janeiro.
Segundo a empresa, o tema não foi discutido nas negociações no TRT nesta segunda-feira. A montadora não confirma o número atual de funcionários em São José dos Campos, justificando que a companhia não divulga número de funcionários por unidade.