O dólar à vista fechou nesta quinta-feira (21/1) em alta de 1,72% e atingiu R$ 4,1705, maior valor da história do Plano Real Foi a terceira alta consecutiva da moeda americana, que desde terça-feira reflete os ruídos de comunicação na política monetária do Banco Central. A manutenção da taxa Selic em 14,25% ao ano, em meio à desconfiança de influência política na decisão do BC, manteve o mercado de mau humor.
O BC vinha sinalizando que elevaria a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, como forma de fazer a inflação convergir para as metas. Na terça-feira, 19, no entanto, o presidente Alexandre Tombini surpreendeu o mercado ao indicar, por meio de nota, que havia desconforto com a piora de previsões do FMI sobre a economia brasileira. Os mercados se ajustaram até ontem para uma elevação de 0,25 ponto porcentual, com menos apostas na manutenção que acabou se concretizando.
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A mudança na comunicação foi mal recebida, por indicar que as preocupações do governo com a recessão no País podem ter influenciado o Banco Central, que deve ter autonomia na condução da política monetária. Um dia antes do início da reunião do Comitê de Política Monetária do BC, Tombini havia tido uma reunião com a presidente Dilma Rousseff.
Com a percepção de que a credibilidade do Banco Central foi fortemente afetada nesse episódio, o dólar reagiu com forte alta desde a abertura dos negócios e atingiu a máxima de R$ 4,1725 (1,77%) logo na primeira hora de negociação. A alta se sustentou durante todo o dia, apesar de o dólar ter registrado queda diante de moedas de países emergentes e exportadores de commodities.
À tarde, a disparada dos preços do petróleo, que chegou a superar 6%, contribuiu para reduzir a pressão sobre a moeda, mas não o suficiente para evitar o novo recorde da cotação. Somente em janeiro, o dólar acumula alta de 5,31%. Em um ano, a moeda já subiu 60,4%.