Economia

Tombini se curva à pressão do PT e Banco Central deve manter juros

Presidente do Banco Central surpreende economistas ao sinalizar que agravamento da recessão será levada em conta pelo Copom. Até a última semana, o discurso da instituição era de que faria o que fosse necessário para conter o custo de vida

Antonio Temóteo
postado em 20/01/2016 07:09
Após adotar um discurso de autonomia, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, se curvou às pressões do PT e da presidente Dilma Rousseff para não promover hoje uma alta de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros (Selic). Em um ato inédito na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), Tombini divulgou uma nota e avaliou como ;significativas; as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) que apontam que a economia encolherá 3,5% em 2016 e ficará estagnada em 2017.

A decisão do chefe da autoridade monetária assustou os analistas, que apostavam que o BC elevaria a Selic para conter o aumento da expectativa inflacionária, mesmo em um cenário recessivo. Atualmente, a mediana das estimativas aponta que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminará o ano com alta de 7%, acima do teto da meta, de 6,5%. O mercado classificou a estratégia de comunicação do Copom como desastrosa e muitos acreditam que a pouca credibilidade que restava aos membros do colegiado virou pó quando cederam a pressões políticas.

O fato de o presidenteo do BC, no dia de reunião do Copom, afirmar, em nota, que ;todas as informações econômicas relevantes e disponíveis são consideradas nas decisões do colegiado; reforçou a leitura de que haverá influência política na decisão do comitê. A mudança no discurso da autoridade monetária, que sempre afirmou estar vigilante e disposta a qualquer medida para levar a inflação para a meta, afetou as projeções dos analistas que esperavam uma alta de 0,5 ponto percentual da Selic. Após a divulgação da nota, os juros futuros recuaram. O mercado passou a projetar uma elevação de 0,25 ponto percentual ou até a manutenção da taxa em 14,25% ao ano.



Nos últimos meses, o BC se comprometeu a entregar uma inflação de, no máximo, 6,5% em 2016 e garantiu que o IPCA convergiria para a meta, de 4,5%, em 2017. A sinalização da autoridade monetária de que aumentaria os juros, no entanto, provocou a ira do PT e de parte do governo, que considevam a medida descabida em um momento de baixo crescimento. Fora isso, para parte dos técnicos do Palácio do Planalto, as chances de um petista se manter no poder acabam se a recessão continuar.

O BC ignorou até quando pôde as pressões, mas, na segunda-feira, em reunião com a presidente Dilma Rousseff, Tombini teria recebido um ultimato: ;um ciclo longo de alta de juros não era condizente com o momento econômico;. O estrategista-chefe banco Mizuho, Luciano Rostagno, avaliou que a postura de Tombini dá margem para especulações sobre a possibilidade de ingerência política nos trabalhos do Copom. ;Essa medida é pouco usual, mostra que o BC está inclinado a não subir juros, mesmo após sinalizar que pretendia elevar a Selic. E também sugere uma guinada na política monetária;, comentou.

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