As três maiores centrais sindicais do país se manifestaram contra um possível aumento da idade mínima para aposentadoria. As críticas ao governo falam em ;indignação; e consideram a proposta do governo federal "inaceitável;. Ontem (7), em café da manhã com jornalistas, a presidenta Dilma Rousseff sinalizou essa possibilidade ao falar da reforma previdenciária.
;Vamos ter que encarar a reforma da Previdência. Não é possível que a idade média de aposentadoria no Brasil seja 55 anos. Para a mulher, um pouco menos. Não é possível por uma questão quantitativa. Vai ter menos gente trabalhando no futuro para sustentar mais gente sem trabalhar: os mais velhos que vão ter uma longevidade maior e os mais novos, que estão nascendo;, afirmou a presidenta.
A Força Sindical divulgou nota hoje (8) se manifestando ;totalmente contrária; à elevação da idade mínima para aposentadoria. ;Causa indignação a declaração da presidente de que não é possível a idade medida para efeito de aposentadoria ser de 55 anos. [;] Não vamos aceitar que, mais uma vez, para corrigir seus próprios erros, o governo faça uma reforma nas costas do trabalhador."
A Força também lembrou que qualquer decisão nesse sentido deve ser antes debatida no Fórum Nacional de Previdência Social, criado em abril do ano passado, para que o governo e representantes dos trabalhadores, aposentados e empregadores possam discutir o tema.
Tradicional aliada do PT, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) também fez críticas à declaração de Dilma. A central lembrou a importância do fórum e disse que a medida prejudicaria aqueles que começam a trabalhar muito cedo. ;Para nós, esta proposta é inaceitável porque prejudica quem ingressa cedo no mercado de trabalho, ou seja, a maioria dos trabalhadores brasileiros;, disse, em nota, também divulgada hoje.
Para a CUT, o debate deve ser mais amplo. ;Antes de discutir Previdência é preciso discutir todo o sistema de seguridade social. A partir disso, buscar resolver os problemas da Previdência, cujos principais são a sonegação, que deve ser duramente combatida, e as isenções fiscais que recaem sobre ela;.
A União Geral dos Trabalhadores (UGT) segue a mesma linha das outras centrais. ;Cada vez que se fala de ajuste fiscal ou reforma previdenciária, os trabalhadores tremem, pois sabem que vai sobrar para eles;. Também lembrou daqueles que começam a trabalhar aos 12, 14 ou 16 anos, e que precisariam ;esquecer os sonhos da aposentadoria; e se manter nos postos de trabalho por mais tempo.
;A bem da verdade, entre 12 e 16 anos, os jovens deveriam estar na escola [;] Certas ou não, as políticas de Estado que se sucederam ao longo dos anos tentaram ter esse norte, mas nem sempre os planos deram certo;, acrescentou a nota, assinada pelo presidente da UGT, Ricardo Patah.
A declaração de Dilma não foi bem recebida pelas centrais, mas ainda não há uma decisão tomada sobre o assunto. No mesmo encontro, ela também afirmou que a base dessas reformas é o diálogo com a sociedade. ;Nós vamos levar essa discussão a todos os setores. Por que isso? Porque a base para que uma reforma de Previdência seja sustentável no Brasil é o diálogo;.
O presidente da Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Copab), Warley Gonçalles, lamentou que um aumento da idade mínima seja considerado pela presidenta. ;Nós, da confederação somos contra essa questão da idade mínima. Já estava de bom tamanho a fórmula 85/95 progressiva e, agora, querem aumentar a idade mínima. Não é o aposentado que tem que pagar esse rombo;.
Gonçalles participou da primeira reunião do Fórum Nacional de Previdência Social. Ele disse que as discussões ficaram para 2016. O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, disse, em dezembro, quando assumiu a pasta, que pretende levar a proposta de reforma da previdência ainda no primeiro semestre. Gonçalles lembrou que, depois dos diálogos com os setores, a proposta ainda será debatida no Congresso. ;Esse vai ser um ano complicado;.