Eram 7h10 da manhã de 13 de janeiro de 2011, um sábado, quando a vendedora Telma Galhota, hoje com 54 anos, atendeu o telefone. Ela já sabia que a notícia seria ruim. ;Era a namorada do meu filho, Fábio, dizendo que ele tinha levado dois tiros de um homem drogado;, relembra. Bastaram alguns minutos no hospital para o médico anunciar a morte do rapaz, dois dias antes de ele completar 22 anos. Fábio entrou para uma das estatísticas mais dolorosas do país: todos os anos, 30 mil jovens têm a vida interrompida pela violência, perdas incalculáveis para um país que precisa tanto de mão de obra para crescer. O quadro traçado pelo Ministério da Saúde impressiona: mais da metade dos homicídios têm como vítimas jovens de 15 a 29 anos. Em média, 82 garotos são assassinados por dia.
O que mais assusta é o aumento expressivo do número de meninos e meninas envolvidos com a violência. Em 1980, 6,7% do total de mortes por causas externas eram de pessoas com até 19 anos de idade. Em 2013, essa relação já havia saltado para 29%. Nem mesmo em países em guerra se registram tantas mortes nessa faixa etária. Muito desse retrato cruel está associado ao descaso do Estado, sobretudo com a educação, admite Michael Mohallem, professor de direitos humanos da Fundação Getulio Vargas (FGV).
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