As rápidas transformações na sociedade estão fazendo cair a taxa de fecundidade em todo o mundo, sendo que, no Brasil, esse processo se dá de forma muito mais acelerada. Mas a diminuição no número de nascimentos está ocorrendo sem que o país tire proveito da grande massa de pessoas em idade produtiva, que poderiam estar acumulando riquezas para sustentar gerações futuras. Com o desemprego em alta, devido às escolhas erradas de política econômica, a mão de obra disponível não é usada em sua plenitude. As pessoas que estão fora do mercado de trabalho deveriam estar consumindo, pagando impostos e contribuindo para a superação de desafios nas áreas de saúde, educação, infraestrutura e Previdência.
O desperdício de um bem precioso, o bônus demográfico, que só ocorre uma vez na história de uma nação, é dramático. ;Em 20% dos domicílios do país, há alguém desempregado;, diz o economista e demógrafo José Eustáquio Diniz, professor da Escola Nacional de Ciências e Estatísticas (Ence), no Rio de Janeiro. A razão, acrescenta ele, é uma só. O Brasil terá, até 2016, os piores oito anos de crescimento econômico desde o início do século 20. E o pior quinquênio da história. Além de crescer pouco, a economia regrediu em alguns aspectos, com a redução do peso de um setor mais sofisticado, a indústria, que paga os melhores salários. A manufatura representava 21,6% de nossa economia em 1985; no ano passado, estava em apenas 10,9%. Este ano e o próximo serão de recessão, o que não ocorre desde 1930 e 1931.
A transformação no tamanho das famílias explica o bônus demográfico que o país vive: um número ainda relativamente pequeno de idosos para cuidar e uma quantidade menor de crianças do que no passado, por conta da redução do número de nascimentos. Enquanto isso, há muitos brasileiros em idade adulta, com a mão na massa, graças ao grande número de nascimentos do passado. A fase que estamos vivendo começou no início da década atual. Terá seu auge em 2020. E acabará em 2030. ;O problema é que estamos exatamente em um dos piores momentos econômicos da nossa história;, lamenta Diniz. ;Vamos perder a oportunidade do nosso take-off (decolagem). E vamos ficar velhos antes de ficarmos ricos;, sentencia.
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