O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, demonstrou preocupação com a possível saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, após a derrota dele nessa terça-feira (15/12) na alteração da meta de superavit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública) para o ano que vem. Ele lamentou que o ministro não conseguiu fazer nada do que tentou, mas negou que o fracasso tenha sido dele. ;É muito difícil conseguir negociar qualquer coisa com o Congresso atual;, disse.
Andrade não classificou a saída do ministro como positiva para o governo, pelo contrário. ;Eu fico preocupado com quem vai assumir o lugar de Levy e com autonomia esse possível substituto terá, porque o mercado vê que Levy não teve o apoio necessário do governo para implantar o que ele gostaria de ter feito;, comentou. ;O mercado vê no ministro uma pessoa que conhece, que tem responsabilidade e que poderia montar medidas importantes. Vamos ter que aguardar e ver se ele vai sair mesmo, porque parece que ele deu uma declaração de que ele fica;, afirmou.
Hoje, o Congresso Nacional deve votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que teve a meta anterior, de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB), alterada para 0,5% do PIB, mas que pode ser reduzida até zero, com abatimento de investimentos e gastos no combate a epidemias pela Vigilância Sanitária no mesmo valor da meta.
Impeachment
De acordo com Andrade, os associados da CNI tem demonstrado divisão forte das opiniões em relação à abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ele demonstrou cautela e destacou que a entidade espera que o processo ;corra o mais rápido possível;, dentro dos trâmites legais previstos pela Constituição. ;A gente espera que essa decisão seja equilibrada e baseada na legislação e que as nossas instituições saiam fortes desse processo;, avaliou. ;Seja qual for o resultado, quem seja o governante no fim do processo, todos trabalham com melhoria do cenário atual. Se for Dilma, espero que ela saia fortalecida;, afirmou. ;Se por acaso tiver o impeachment e o vice-presidente, Michel Temer, assumir, ele terá um período de graça e benevolência para fazer as medidas necessárias. Mas esse prazo não será longo porque os brasileiros estão muito impacientes. Não dá para esperar muito tempo;, completou.