Economia

Levy admite que Brasil pode ter nota rebaixada e perder investimentos

Para o ministro da Fazenda, rebaixamento "é que nem campeonato de futebol: se você não se organiza, não consegue ter união, e o resultado é sério"

postado em 10/12/2015 17:24
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, admitiu nesta quinta-feira (10/12) que o Brasil pode perder o grau de investimento e ter o grau de risco da dívida externa rebaixado pelas agências de classificação.

[SAIBAMAIS];A questão do rebaixamento é reflexo da realidade. É que nem campeonato de futebol: se você não se organiza, não consegue ter união, e o resultado é sério. Evidentemente, você tem que trabalhar e tentar voltar para a divisão a que você acha que pertence;, disse o ministro, ao ser perguntado sobre o tema, após participar de almoço de fim de ano promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

No fim da tarde de ontem (9/12), a agência Moody;s anunciou que mudou para negativa a perspectiva da classificação do país. Caso o Brasil seja rebaixado, perderá o grau de investimento, garantia de que o país não corre o risco de dar calote na dívida pública. Segundo a Moody;s, a incerteza política, decorrente da abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, cria dificuldades para a aprovação de medidas de redução de gastos e aumento de tributos.

Segundo a Moody;s, atualmente, a nota do país é Baa3, último nível dentro do grau de investimento. Em setembro, a agência Standard & Poor;s havia excluído o Brasil dessa categoria. Caso mais uma agência rebaixe o país, os fundos de investimento internacionais não poderão mais aplicar recursos no Brasil, ocasionando a fuga de capitais do país.

Levy, no entanto, minimizou os impactos do rebaixamento nas contas públicas, mas destacou que o governo não encara como ;normal; a possível perda do grau de investimento. ;A dívida externa do governo, que é aquela que tem o rating [avaliação de risco], é relativamente pequena. Uma proporção de 1/15 das nossas reservas internacionais. Então, não há risco de a gente não querer, ou não poder, pagar essa dívida.;

;Por outro lado, a nossa dívida doméstica vem crescendo e aponta para a importância de a gente fazer uma série de reformas para permitir ao Brasil ter tranquilidade e voltar a crescer;, acrescentou o ministro. Por isso, Levy defendeu diálogo e união com o Congresso Nacional para garantir a aprovação das medidas do ajuste fiscal. ;Precisamos de unidade, precisamos de todos estarem pensando, em primeiro lugar, no Brasil. Acho que é isso que, neste final de ano, a gente precisa fazer.;



De acordo com Levy, a instabilidade política tem tido efeitos na economia. ;As metas econômicas estão sendo altamente influenciadas pelos fatores externos, inclusive, os de natureza política;, enfatizou o ministro. Levy lembrou que medidas relativas a questões tributárias têm de ser votadas ainda este ano para ter efeito a partir de 2016. ;Algumas até de natureza tributária, que têm o princípio da anualidade. E nós precisamos dar indicações bastante concretas de que elas vão ser votadas e decididas até o final do ano.;

Levy defendeu ainda ações de caráter mais estruturante, com a reforma da Previdência e uma fonte de receitas extras temporária. ;Para criar a ponte para se chegar à estabilidade fiscal;, explicou o ministro em relação à proposta de um novo tributo.

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