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Enquanto a operadora Vivo, da Telefônica, insiste que aplicativos com serviço de voz, como o WhatsApp, são responsáveis por uma concorrência desleal no mercado de telefonia móvel, as demais companhias preferiram não nadar contra a corrente. Claro, Oi e TIM optaram por se aliar ao aplicativo, fechando parcerias para fidelizar clientes e atrair novos usuários. O WhatsApp virou moeda de troca na hora de oferecer planos mais competitivos.
Para a Telefônica Vivo, no entanto, o serviço de voz do WhatsApp compete diretamente com as operadoras, ;inclusive associando cada chamada de voz a números do plano de numeração;. A companhia defende que o aplicativo deveria, então, se sujeitar às mesmas regras tributárias e regulatórias, como garantias de sigilo e qualidade. ;E, igualmente, cumprir todas as demandas adicionais das autoridades policiais e judiciais, como fazem as operadoras;, afirmou em nota.
Na opinião do presidente da Claro, Carlos Zenteno, os aplicativos não precisam estar sujeitos à mesma regulação que as operadoras, mas deveriam ter regras básicas para garantir a qualidade do serviço. ;Não pretendemos que isso signifique barreiras para inovação. Os aplicativos são aceleradores de uso de dados. Os dois serviços são complementares;, explicou. Zenteno destacou que existe uma migração importante para planos de dados, cuja demanda registrou um crescimento nacional da ordem de 30%. ;Essa mudança de comportamento nos fez oferecer pacotes de entrada com bônus de dados. Mas o serviço de voz seguramente sempre terá demanda;, assinalou.
Para atender às mudanças, a Claro passou a oferecer acesso ilimitado ao WhatsApp, Facebook e Twitter durante e após o término da franquia inclusive para clientes pós-pagos. ;Apesar de todos desejarem mais clientes pós-pagos, a base de clientes ativos pré-pagos é enorme. Hoje são 78% dos usuários do Brasil. De olho nessa tendência, nós queremos ser operadora do chip de internet;, revelou.
A TIM anunciou recentemente novos planos, que acabaram com chamadas diferenciadas entre operadoras. Alguns deles, contam com parceria com o aplicativo WhatsApp. O cliente utiliza texto, áudio, vídeo e foto no aplicativo, sem descontar da franquia de internet. ;As pessoas, cada vez mais, querem utilizar os mais diversos aplicativos, acessar as redes sociais, baixar vídeos, fotos, ouvir streaming de música, de filmes e seriados. Essa mudança de comportamento envolve um aumento significativo no consumo de dados;, disse Leonardo Queiroz, diretor da TIM no Centro-Oeste.
Novo modelo
A política da Oi foi deixar a decisão de qual uso fazer com o celular unicamente para o cliente. Com isso, mudou o modelo de cobrança, oferecendo pacotes com ligações para qualquer operadora combinados com um forte aumento da franquia de dados, válida para qualquer tipo de acesso e aplicativo, sem restrições de uso. ;Esse movimento é uma iniciativa pró-consumidor, em linha com o observado em outros países. A tendência é extinguir as redes e comunidades criadas entre clientes de mesma operadora, garantindo liberdade de comunicação e aumentando a competitividade do mercado;, disse o diretor de Varejo da Oi, Bernardo Winik.
Com base nos resultados de uma pesquisa de comportamento feita com 5 mil clientes de todas as operadoras, a Oi decidiu triplicar a franquia de dados nos novos planos. ;Os consumidores têm necessidade de uso crescente de dados e também de uso de apenas um chip pelos clientes do segmento pré-pago;, concluiu Winik.
Tendências
No Brasil, 72,4 milhões de pessoas navegam na internet por meio smartphones, segundo levantamento Mobile Report da Nielsen Ibope. Hoje, em 56,3% das residências há apenas telefone celular ante 2,4% de casas com apenas linha fixa, segundo o IBGE. Tais tendências devem se acentuar, ressaltou o professor do Centro de Estudos de Telecomunicações da PUC/Rio, Gláucio Siqueira. ;Aplicativos com serviço de voz, como o WhatsApp, provocaram mudanças significativas na preferência dos usuários por meios de comunicação. E a tecnologia 5G, que está por vir, com maior velocidade, vai ampliar a utilização desse tipo de aplicativo, com mais demanda por dados;, destacou o professor.