Jornal Correio Braziliense

Economia

Braskem espera destravar negociações de nafta com Petrobras ainda este ano

%u201CNão existe plano B para o setor - que implicaria fechamento de empresas - e a Braskem continua empenhada em buscar uma solução%u201D, garantiu o presidente da empresa

Coatzacoalcos, México - O presidente da Braskem, Carlos Fadigas, mais do que espera, conta que as negociações com a Petrobras para o fornecimento de natfa seja fechado até 15 de dezembro. Caso contrário, há risco de fechamento de unidades petroquímicas no país. Para ele, é preciso destravar o setor, que vive um hiato de dois anos de meio, desde que começaram as negociações de preços com a estatal. Atualmente, a indústria química no Brasil tem deficit de USS 30 bilhões por ano, e segundo estudos da Fundacao Getulio Vargas (FGV), citado pelo executivo, é a segunda cadeia que mais movimenta a economia no país. ;Não existe plano B para o setor - que implicaria fechamento de empresas - e a Braskem continua empenhada em buscar uma solução;, garantiu o executivo.

O segmento negocia com a Petrobras um preço competitivo para a natfa ; matéria-prima na produção da empresa. A Braskem defende um custo variável para o produto e que a referência internacional seja calculada a partir dos preços cobrados nos Estados Unidos e Europa. A Petobras já sinalizou que não haverá variação e a tentativa de acordo, agora, passa pela ausência de prêmio no preço de referência. ;É uma pena que, no Brasil, se trate uma questão corriqueira de mercado, que é um desconto no preço de referencia para empresas que compram com frequência e quantidade, como uma coisa absurda;, lamenta o presidente da Braskem. De acordo com ele, até os clientes da Braskem que compram muito e regularmente recebem benefícios.

No México, onde está para acompanhar os últimos passos da obra do complexo petroquímico Etileno 21, uma parceria da Braskem com a Idesa, na proporção de 75% para a empresas brasileira e 25% para a mexicana, Fadigas lamenta a ausência de uma agenda de longo prazo para o Brasil, que estimule a indústria. Ele explica que o investimento no México, de US$ 5,2 bilhões, só foi possível devido ao preço favorável da matéria prima.

Para se instalar no México, a petroquímica fechou contrato com a Pemex ; empresa petrolífera mexicana ; de fornecimento de gás natural por 20 anos, com custo referenciado no mais baixo do mercado - o etano dos Estados Unidos, de US$ 136,38 ; com desconto. No Brasil, a matéria-prima usada (nafta) comprada da Petrobras é referenciada pelo preço mais alto, o da nafta europeia, de US$ 431,75. É essa exatamente a negociação que está emperrada com a estatal brasileira.

Apesar de toda a dificuldade vivida pelo Brasil, Fadigas garante que a Braskem continuará a investir no país, que tem vocação para a petroquímica, com riqueza de produtos naturais e grande mercado consumidor. ;Em cada mercado que a Braskem está, vai brigar para crescer e fazer investimentos;, garante.

(*) A jornalista viajou a convite da Braskem