Jornal Correio Braziliense

Economia

Greenpeace na Suíça quer comprar indústria de lignito na Alemanha

O objetivo seria frear o desenvolvimento do setor

A organização ecologista Greenpeace se converteu em um candidato surpresa para a compra das atividades de exploração de lignito na Alemanha da empresa pública sueca Vettenfall, alegando que desta maneira pode limitar a expansão do setor.

O Greenpeace Suécia publicou nesta terça-feira (6/10) em seu site sua carta de intenção de compra dirigida ao banco de investimentos americano Citigroup, designado pela Vattenfall para realizar a operação. "Vamos discutir seriamente esta compra com a Vattenfall. Temos um bom conhecimento das questões relacionadas com o futuro do mercado energético e da evolução das políticas climáticas", expôs Annika Jacobson, presidente do Greenpeace Suécia.

A Vattenfall, interrogada pela AFP, disse estar aberta a discutir a proposta. "É um processo aberto e todas as ofertas sérias são bem-vindas", disse uma porta-voz da empresa, Sabine Froning.

A Vattenfall, terceira produtora de eletricidade na Alemanha, lançou em setembro o processo para se desfazer da totalidade de seus ativos alemães de extração e produção de lignito, assim como das minas e centrais térmicas e de dez centrais hidroelétricas.

As vendas se anunciam difíceis, em um contexto de baixo preço do carvão e de uma oposição dos grupos ecologistas ao lignito, um carvão mineral com um balanço de carbono muito negativo.



O Greenpeace explicou que teme a expansão desta indústria. "Se esta atividade for vendida a outro candidato, é possível que sejam abertas até cinco novas minas, que contêm o equivalente a 1,2 bilhão de toneladas de CO2", indicou a ONG.

A Vattenfall não deu até o momento nenhuma indicação de preços destes ativos. Seu diretor-geral, Magnus Hall, havia indicado em setembro que se tratava de "uma grande porção, com 8.000 funcionários, que representa 10% da produção elétrica da Alemanha".

O Greenpeace, que depende de doações de particulares, tem um peso financeiro ínfimo em comparação com a Vattenfall. A empresa sueca sofre, no entanto, dificuldades, que a formaram nos últimos tempos a uma forte depreciação de seus ativos, incluindo os que colocou à venda agora.