Após sete anos de negociações, doze países do Pacífico concluíram nesta segunda-feira (5/10) um acordo de livre comércio que pode servir de modelo a outros em curso, como o dos Estados Unidos com a União Europeia. "Terminamos as negociações com êxito", afirmou o representante americano para o Comércio (USTR) Michael Froman, em coletiva de imprensa em Atlanta, junto aos outros 11 negociadores.
As negociações terminaram em 2008 e finalizaram em uma sessão de mais de cinco dias em Atlanta, com a participação de Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Estados Unidos, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã.
O Chile saudou o acordo. "Estamos satisfeitos", disse o chanceler chileno, Heraldo Muñoz. "Protegemos todas as áreas sensíveis de nosso país", acrescentou. Os 12 países representam 40% da economia mundial, mas o TPP não inclui a segunda potência econômica, China, mantida à margem das negociações.
Os Estados Unidos querem que a China aceite as disposições gerais do acordo assim que ele entre em vigor. Outros países, como a Coreia do Sul, também podem se integrar ao processo. Esse acordo também pode servir de modelo para outros acordos negociados pelos Estados Unidos com outros sócios comerciais, como a União Europeia.
A comissária europeia para o Comércio, Cecilia Malmstrom parabenizou, nesta segunda-feira no Twitter, o sucesso das negociações, em um momento em que as negociações para o acordo com a UE, lançadas em 2013, encontram-se estagnadas e provocam a resistência de alguns países, como Alemanha e França.
Rebelião democrata
Para negociar o acordo de livre comércio, o governo de Barack Obama obteve a aprovação do chamado "Trade Promotion Authority" (TPA), que obriga o Congresso a se pronunciar a favor ou contra o acordo comercial, sem a possibilidade de emendas.
Obama saudou nesta segunda-feira a conclusão do acordo, considerando que reflete "os valores norte-americanos". "Podemos ajudar nossas empresas a vender mais produtos e serviços no mundo", disse o mandatário, que havia feito desse tema uma prioridade de seu segundo mandato.
Os principais pontos divergentes das negociações das negociações foram a duração dos direitos de propriedade intelectual sobre medicamentos, importações de produtos lácteos provenientes da Austrália e da Nova Zelândia para o Canadá e as autopeças dos japoneses para a América do Norte.
O debate no Congresso americano para a ratificação do acordo será feito em plena campanha presidencial e um dos candidatos democratas, o Senador Bernie Sanders, classificou o acordo como "desastroso". "Wall Street e as grandes empresas ganharam outra vez. É hora de impedir que as grandes multinacionais manipulem o sistema para aumentar seus lucros às nossas custas", disse em comunicado nesta segunda-feira.
Já o Senador republicano Orrin Hatch afirmou que os primeiros detalhes que emergem do acordo mostram que ele é "muito insuficiente". O primeiro-ministro canadense, o conservador Stephen Harper, também enfrenta eleições legislativas em menos de duas semanas e esteve sob forte pressão dos produtores do setor lácteo.
Harper afirmou nesta segunda-feira que esse acordo "é um elemento-chave de nossa política para administrar e fazer a economia canadense, que atravessa uma fase de recessão, crescer.