O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Armando Monteiro, admitiu que o governo ;vê com preocupação; o agravamento da desaceleração chinesa, que vem mexendo com os mercados nesta semana. De acordo com ele, o Brasil ;já vem sentindo o efeito da desaceleração da China; e, citando números levantados pela pasta de janeiro a julho deste ano revelando que o impacto da queda dos preços das commodities representou uma perda de US$ 12 bilhões na receita com exportações brasileiras.
[SAIBAMAIS];Esse dado é comparado com o de 2014 e não com 2011, quando houve o pico dos preços das commodities;, afirmou Monteiro após a abertura do seminário ;Elementos para uma nova Política Industrial do Brasil no período de 2015-2018;, organizado pelo Mdic em parceira com a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta terça-feira (25/08). ;O mundo inteiro nessa hora tem os olhos voltados para a China e está acompanhando o desenrolar dessa crise, desse momento de instabilidade que marca a economia chinesa e, evidentemente pelo extraordinário peso que ela adquiriu na economia internacional, os reflexos que esse processo podem trazer para o comércio internacional e para a economia global;, completou.
O diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Luiz Guilherme Schymura, avaliou que as notícias da China ;não são muito animadoras;, mas ele foi mais comedido sobre o impacto dessa atual crise, que derrubou os mercados no mundo inteiro. ;Ninguém ainda tem um quadro claro do que isso significa e como seremos afetados;, disse.
O secretário executivo do Ministério do Planejamento, Dyogo Oliveira, também demonstrou preocupação com os efeitos de uma crise mais forte do país asiático. ;Temos que ficar muito atentos em relação à China, que esta tomando uma serie de medidas para recompor a liquidez dos mercados. Estamos neste exato momento suscetíveis neste exato momento a uma imensa mudança no cenário mundial;, afirmou. Oliveira destacou que a economia brasileira atravessa um momento crítico e deverá dar sinais de recuperação a partir do quarto trimestre deste ano ou no primeiro trimestre de 2016. Pelas estimativas coletadas pelo governo, os efeitos da Lava-Jato podem ser de 0,9% até 2,5% do PIB.
Juros
Armando Monteiro apostou que a manutenção dos juros dos Estados Unidos será um fator positivo para o Brasil dessa volatilidade dos mercados por conta da China. A expectativa dos mercados é que o Federal Reserve, banco central norte-americano, eleve os juros a partir de setembro. ;Com certeza, o movimento de elevação da taxa de juros nos EUA não vai acontecer. Esse é um elemento que concorre para um processo de estabilização e ajuda o Brasil , na medida em que o fluxo de recursos para os países emergentes com taxas de juros mais altas continue;, afirmou.
O ministro informou ainda que a nova Política Industrial que o governo está preparando deverá ser concluída ;até dezembro; e, ele defende uma ;revisão; das tarifas de importação de insumos para ajudar a competitividade das exportações.