Se a crise política impedir reformas estruturais e agravar o crescimento poderemos ser surpreendidos com a perda do grau de investimento ainda este ano, avalia o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa. "Acredito que essa probabilidade é baixa e que o governo conseguirá reverter isso, mas é uma questão a ser observada", afirmou em café da manhã com jornalistas na sede da empresa.
[SAIBAMAIS]Rosa afirmou ainda que a manutenção da trajetória de crescimento da relação dívida/PIB pode levar as agências no ano que vem a rebaixar o rating brasileiro, com possível perda do grau de investimento.
"Se as empresas de rating estiverem olhando exclusivamente para a relação dívida/PIB, podemos perder o grau de investimento em algum momento no ano que vem, dada a trajetória desse indicador", afirmou. De acordo com projeção apresentada, a estimativa é de que a dívida bruta/PIB supere os 70% no ano que vem. "O FMI considera que o aceitável, para evitar um risco de não pagamento de suas dívidas, uma relação em torno de 60%", comentou.
Rosa pontuou, entretanto, que as reservas brasileiras são muito elevadas e teriam o poder de compra de toda a dívida, o que ameniza os temores de um default.
O economista acrescentou ainda que o Brasil está vivendo uma crise semelhante a da Europa, onde a redução do endividamento está fortemente limitada pela baixa capacidade de gerar crescimento econômico.
"Mas se o governo conseguir apontar para reformas estruturais de longo prazo, acho que não perderíamos o grau de investimento, se conseguíssemos colocar medidas estruturais que mostrem que no futuro iremos reverter esse quadro", acrescentou.
Ele destacou, porém, que o quadro político é essencial para garantir o sucesso do governo em adotar tais medidas estruturais, que na sua opinião, passam por impostos, corte de gastos e mudanças tributárias.