A deterioração da economia não está poupando o bolso de quem vive de aluguel. O aumento da oferta de imóveis, em consequência da crise no setor, tem ampliado o poder dos inquilinos na hora de negociar o preço da locação ou a renovação do contrato. Só no Distrito Federal, havia 10,8 mil imóveis residenciais livres para locação em junho último, segundo o Sindicato da Habitação (Secovi-DF), quase o dobro do existente no mesmo período do ano passado. Mesmo assim, a perda do poder de consumo está levando muitas famílias a fazer as malas e se mudar para outro endereço de menor custo. Foi o que aconteceu com a professora Paula Augusto Pinto, 48 anos, que, em três meses após a troca de residência, já economizou R$ 2.250 com aluguel e condomínio. ;Em um ano, serão R$ 10,2 mil que eu terei poupado;, afirma.
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No atual ambiente de recessão, a mudança da Asa Norte para o Cruzeiro Velho foi considerada por Paula como uma estratégia eficaz contra o arrocho no orçamento. Endividada, ela está usando parte da economia mensal para honrar os compromissos na expectativa de, após quatro anos, alcançar o sonho da casa própria. ;Após esse período, além de eu estar aposentada, imagino que a economia voltará a crescer e o crédito ficará menos escasso e caro. Por enquanto, mesmo com o dinheiro que sobra, não consigo fazer uma reserva suficiente para dar entrada em um imóvel;, diz.
O mercado de aluguéis tem se tornado um tormento para as imobiliárias. Para minimizar o risco de ficar com os imóveis vagos, corretores estão recomendando aos proprietários que segurem os preços, na expectativa de manter os inquilinos. Apesar disso, o cenário de endividamento elevado, desaceleração da renda, aumento do desemprego e disparada da inflação está comprometendo algumas renovações contratuais.
;Em muitos casos, ainda conseguimos convencer o locatário a ficar. Mas é cada vez mais comum o cliente trocar o imóvel por outro com aluguel mais barato. Se não consegue renovar o contrato pelo mesmo valor ou reduzir a mensalidade, ele não pensa muito para rescindir o vínculo;, diz Rafael Oliveira, gestor do departamento de consultoria da Thaís Imobiliária. Em uma das unidades da empresa, a taxa de desocupação dos imóveis administrados era de cerca de 12% em junho, acima dos 8% registrados no início do ano.
Entregas
Na capital federal, com o avanço de rescisões frente às contratações, a oferta de imóveis para locação, em junho, foi 18,4% superior à de maio, de acordo com o Secovi-DF. Na comparação com junho de 2014, o número quase dobra, chegando a um crescimento de 95,1%. Em grande parte, esse quadro é resultado do período de forte aquecimento do setor, até 2013, no qual as construtoras aumentaram o número de lançamentos. ;Tivemos, agora, uma elevação grande de ofertas em decorrência de muitas entregas de apartamentos que estavam em construção, mas esse número também reflete o ambiente recessivo. Para algumas famílias, é mais eficaz economizar buscando um aluguel mais barato, do que reduzir em outras despesas;, explica Carlos Hiram Bentes David, presidente da entidade. ;Não há dúvida de que as pessoas estão procurando alternativas para diminuir seu comprometimento mensal de renda;, afirma.
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