A crise econômica está pesando sobre o varejo e colocando de vez o setor ; que foi um dos principais sustentáculos da economia nos últimos anos ; no atoleiro. Golpeadas pelo encarecimento do crédito, pela disparada da inflação e pelo aumento do desemprego, que reduz o poder de consumo da população, as vendas no comércio caíram 2,7% em junho em relação a igual mês do ano passado, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No primeiro semestre, a queda foi de 2,2%, o pior resultado para o período desde 2003. O cenário, no entanto, é mais crítico do que há 12 anos. Analistas apontam que o ambiente de recessão e crise politica tecem uma conjuntura perversa para a atividade e para a retomada da economia.
O tombo do comércio no primeiro semestre é um sinal de que o consumo das famílias, que representa cerca de 60% do Produto Interno Bruto (PIB), pela ótica da demanda, terá a primeira queda desde 2003. Rodrigo Baggi, economista da Tendências Consultoria, projeta uma retração de 3,2% das vendas no setor varejista e um recuo de 0,7% do consumo em 2015. Se as previsões se concretizarem, a retração no faturamento não superaria a queda de 3,7% daquele ano, mas o outro indicador ficaria empatado. ;O impacto disso na economia será bem relevante e contribuirá para o encolhimento de 2,3% da economia do país;, disse. As projeções ainda poderão ser revisadas, mas, ao que tudo indica, para baixo.
Em 2003, as condições da conjuntura eram similares às atuais. No primeiro ano de governo do ex-presidente Lula, o ambiente para o consumo não era nada favorável. No primeiro semestre, o dólar também havia ultrapassado os R$ 3,40, a inflação era alta e a taxa básica de juros (Selic) chegou a 26,5% ao ano ; bem acima da atual, de 14,25%. No entanto, a política de austeridade econômica adotada surtiu efeito e, mesmo amargando contração nas vendas, o comércio vislumbrou um horizonte melhor no ano seguinte, conta Fabio Bentes, economista-sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
;A crise que estava instalada se encerrou com o resgate da confiança dos empresários. Para eles, as medidas de ajuste foram recebidas como um recado de que o governo não seria negligente com a inflação e a combateria, ainda que tivesse como custo os efeitos do crédito mais caro;, explicou. No entanto, se em 2003 o PIB registrou crescimento de 1,1% e, no ano seguinte, o total de riquezas produzidas no país avançou 5,7% e as vendas subiram 9,4%, o mesmo não ocorrerá em 2015 e 2016, avalia Bentes. ;O problema é que, embora os números sejam parecidos, no início do governo Lula o varejo estava subindo a ladeira e recuperando o fôlego. Agora, não sabemos ainda o quão fundo é o poço, e o quanto o comércio vai piorar.;
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.