Jornal Correio Braziliense

Economia

Intervenção do governo no câmbio pode ser apropriada para conter excessos

O real foi a moeda brasileira que mais se desvalorizou ante o dólar desde meados do ano passado, de acordo com um dos gráficos apresentados pelo FMI

Intervenções do governo brasileiro no mercado de câmbio, incluindo pelo uso de derivativos, podem ser apropriadas se o objetivo for conter excesso de volatilidade na moeda brasileira, afirmam os economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) em um relatório divulgado nesta terça-feira (28/7). Além de avaliar o desempenho do real, o documento recomenda que o Brasil prossiga com o esforço de consolidação fiscal.

[SAIBAMAIS]"A intervenção no mercado de câmbio, incluindo pelo uso de derivativos, pode ser apropriada para resolver bolsões de excesso de volatilidade no mercado", afirma o relatório do FMI no tópico relacionado ao Brasil. Fora desse objetivo, a avaliação dos economistas da instituição é que o melhor é deixar o real flutuar. Por isso, o relatório destaca que foi positivo o fim do programa de swap do Banco Central em março.

O programa de intervenção do BC, afirma o documento, foi positivo para ajudar a conter o excesso de flutuações na moeda e estabilizou os fluxos de capital em meio à turbulência causada pelo sinalização do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), em meados de 2013, de que iria começar a mudar a política monetária do país. "Mas a sua extensão continuada pode ter retardado a convergência para uma taxa de câmbio mais competitiva e incentivado a tomada de risco pelo setor privado", ressalta a análise do FMI.

O real foi a moeda brasileira que mais se desvalorizou ante o dólar desde meados do ano passado, de acordo com um dos gráficos apresentados no estudo dos técnicos do FMI. A avaliação da instituição é que essa desvalorização era necessária, pois o real havia subido muito no pós-crise financeira mundial. A estimativa do estudo é que a divisa do Brasil estava entre 15% a 25% acima do nível consistente com os fundamentos da economia brasileira. Por isso, a desvalorização foi bem-vinda e o câmbio flutuante tem sido um importante absorvedor de choques, ressalta o relatório.



A avaliação dos técnicos do FMI é que o nível de reservas internacionais do Brasil, de US$ 370 bilhões, que vem se mantendo praticamente estável desde 2011, está "acima de níveis adequados" considerando vários critérios, incluindo métricas desenvolvidas pela Fundo, ressalta o estudo.

Fiscal

"A presente consolidação das constas fiscais deve continuar", completa o documento no tópico destinado ao Brasil no relatório sobre contas externas. Esforços adicionais para aumentar a poupança nacional são necessários, ressalta o documento.

O relatório destaca ainda que a relação entre as contas externas e o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve melhorar "moderadamente" em 2015. Por isso, a projeção é de que a posição externa do Brasil se fortaleça de alguma forma este ano.