A meta de superávit primário de R$ 8,747 bilhões poderá se converter em déficit se o governo não conseguir arrecadar receitas extraordinárias. Segundo o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, a meta de 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) para 2015 terá uma cláusula de abatimento de até R$ 26,4 bilhões.
Segundo Barbosa, o abatimento poderá ser aplicado, caso o governo não consiga arrecadar três tipos de receitas extraordinárias, que foram incorporadas às estimativas de arrecadação deste ano. A primeira fonte de recursos é a renegociação de dívidas questionadas por contribuintes na Justiça, com arrecadação estimada de R$ 10 bilhões para este ano. A segunda é o repatriamento de recursos no exterior, com receita projetada de R$ 11,4 bilhões. A terceira é a concessão de projetos de infraestrutura, que deve reforçar o caixa do governo em R$ 5 bilhões em 2015.
A cláusula de abatimento seria aplicada se o Congresso Nacional não aprovar a renegociação de dívidas e o repatriamento de recursos ou caso ocorram atrasos nos leilões de concessões. Apesar da possibilidade, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, assegurou que a meta de 0,15% do PIB é realista e pode ser cumprida, mas pediu cooperação do Congresso.
;Essa é apenas uma meta mínima. Todos aqui [na equipe econômica] acham que o esforço fiscal vai ficar além disso. Este governo e sua equipe não brigam com o mercado. As estimativas estão em linha com a das instituições financeiras. Mas isso [o esforço fiscal] exigirá cooperação do Congresso e da sociedade para trazer a economia de volta ao equilíbrio estrutural;, declarou Levy.
De acordo com Barbosa, o cronograma dos leilões de portos permitirá que o governo faça leilões ainda este ano. ;Nesta semana, entregamos ao TCU [Tribunal de Contas da União] para que analise o pedido para que os leilões sejam feitos pelo modelo de outorgas [em que o maior lance vence]. Se tudo for analisado, podemos fazer o leilão da primeira rodada de portos ainda neste ano;, explicou.