A piora no mercado de trabalho até o fim do ano deverá manter a tendência de alta na inadimplência dos consumidores e, além disso, impedir novas quedas no nível de endividamento. Na análise de Bruno Fernandes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o aumento do desemprego não deverá causar uma "explosão" na inadimplência, mas a tendência é de alta.
[SAIBAMAIS]Mais cedo, a CNC informou que a proporção de famílias com dívidas ou contas em atraso alcançou 21,5%, ante 21,3% em junho e 18,9% em julho de 2014, ao passo que o porcentual de famílias endividadas alcançou 61,9%, queda em relação aos 62,0% observados em junho e em relação aos 63,0% de julho de 2014.
"A deterioração das condições econômicas afetam as famílias, mesmo que não aumente o endividamento", afirmou Fernandes.
A queda no endividamento total - a pesquisa considera dívidas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguros - é um efeito positivo da queda na disposição dos consumidores em gastar mais. Menos confiantes e dispostas a comprar, as famílias aproveitam para quitar dívidas antigas.
O lado negativo é que a inflação elevada e o aumento do desemprego afetam a renda e levam as famílias a atrasar o pagamento das dívidas. Daí a alta na inadimplência.
Segundo Fernandes, no primeiro semestre, a inflação pressionada foi o principal vilão, ao corroer a renda e ampliar o peso dos gastos com produtos básicos no orçamento, levando a adiar os pagamentos de dívidas. "Agora, o que vai impactar mais é o mercado de trabalho", disse o economista. O aumento do desemprego diminuirá a renda das famílias e poderá aumentar a inadimplência.