Jornal Correio Braziliense

Economia

Tensões na Europa fazem FMI reduzir previsão de crescimento para 2015

O Produto Interno Bruto (PIB) mundial deve aumentar apenas 3,3%

Washington, Estados Unidos - O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a previsão de crescimento econômico mundial para este ano e alertou sobre o risco de "tensões financeiras" na Europa em consequência da crise grega. O Produto Interno Bruto (PIB) mundial deve registrar alta de apenas 3,3%, 0,2 ponto a menos que na previsão de abril e um pouco abaixo do resultado de 3,4% de 2014.

A crise grega e o risco de "Grexit" afetaram até o momento apenas de maneira periférica a marcha da economia mundial, afirma a instituição multilateral, que mantém as previsões de crescimento para Eurozona (%2b1,5%), França (%2b1,2%) e Alemanha (%2b1,6%). "Os acontecimentos na Grécia não provocaram até o presente um contágio significativo. Medidas apropriadas devem permitir enfrentar os riscos, caso estes se materializem", destaca o FMI.

No entanto, a recente alta das taxas de juros sobre a dívida de alguns países da zona do euro pode indicar problemas importantes. "Alguns perigos de um retorno das tensões financeiras permanecem", destaca o FMI. Abalada com o endividamento e sem dinheiro, a Grécia está preparando um novo programa de reformas que apresentará aos sócios europeus, em uma tentativa de convencê-los a manter o país na Eurozona.



Segundo o FMI, a redução das previsões de crescimento obedece, na realidade, a um fator já relativamente antigo e "excepcional": a desaceleração da economia americana no primeiro trimestre do ano, consequência de um inverno particularmente rigoroso. "A inesperada fragilidade da América do Norte, que é a principal responsável pela revisão das economias avançadas, deve ser temporária", afirma o FMI, que no entanto reduziu consideravelmente as projeções para os Estados Unidos (-0,6 ponto, a 2,5%) e Canadá (-0,7, a 1,5%).

Outros riscos podem ser concretizados no segundo semestre do ano, com origem desta vez nos países emergentes, que devem ter um crescimento estagnado. O FMI reduziu a 0,5% a previsão de crescimento econômico da América Latina e Caribe em 2015, um reflexo das quedas nos preços de commodities e das condições financeiras externas mais rígidas.

Em abril, o FMI havia anunciado uma previsão de crescimento de apenas 0,9% para a América Latina. De acordo com as novas previsões, o Brasil encerrará o ano com um retrocesso de 1,5% (-1,0% em abril) e o México vai crescer 2,4% (3% em abril). Para o próximo ano, o FMI estimou que o Brasil iniciará uma tímida recuperação com crescimento de 0,7%, abaixo da previsão de 1% anunciada em abril. Para Olivier Blanchard, economista chefe do FMI, "o que ocorre no Brasil é a combinação de duas forças. A primeira é um ambiente de baixa confiança de consumidores e empresários, com baixo gasto e baixo investimento, e depois as medidas tomadas pelo governo para melhorar a confiança e em favor da consolidação fiscal".

Na visão de Blanchard, "trata-se claramente do conjunto correto de políticas", mas ainda será preciso ver o impacto no nível de confiança. Já a China, afetada por fortes turbulências em seu mercado financeiro, pode passar por "grandes dificuldades" para assegurar sua transição a uma etapa de mais consumo interno e menos investimentos, alerta o FMI, que no entanto mantém inalterada a projeção de crescimento do gigante asiático a 6,8%.

A instituição mantém as perspectivas para a atividade econômica em 2016 (%2b3,8%), mas defende a prudência. "A aceleração do crescimento da economia mundial permanece no horizonte, mas ainda não foi materializada", adverte o FMI.

Estas são as principais previsões econômicas publicadas nesta quinta-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2015 e 2016. Os números entre parêntese representam as revisões em porcentagem em relação às previsões anteriores divulgadas em janeiro.


2015 2016

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Crescimento (do PIB)

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Mundo 3,3% (-0,2) 3,8% (=)

País desenvolvidos 2,1% (-0,3) 2,4% (=)

EUA 2,5% (-0,6) 3,0% (-0,1)

Zona euro 1,5% (=) 1,7% (%2b0,1)

Alemanha 1,6% (=) 1,7% (=)

França 1,2% (=) 1,5% (=)

Itália 0,7% (%2b0,2) 1,2% (%2b0,1)

Espanha 3,1% (%2b0,6) 2,5% (%2b0,5)

Japão 0,8% (-0,2) 1,2% (=)

Grã-Bretanha 2,4% (-0,3) 2,2% (-0,1)

Canadá 1,5% (-0,7) 2,1% (%2b0,1)



Países em desenvolvimento e

economias emergentes 4,2% (-0,1) 4,7% (=)

Rússia -3,4% (%2b0,4) 0,2 (%2b1,3)

China 6,8% (=) 6,3% (=)

Índia 7,5% (=) 7,5% (=)



América Latina e Caribe

0,5% (-0,4) 1,7% (-0,3)

Brasil -1,5% (-0,5) 0,7% (-0,3)

México 2,4% (-0,6) 3,0% (-0,3)



Oriente Médio, África do Norte, Paquistão e Afeganistão

2,6% (-0,3) 3,8% (=)



África subsaariana

4,4% (-0,1) 5,1% (=)



África do Sul 2,0% (=) 2,1% (=)

Nigéria 4,5% (-0,3) 5,0% (=)





Comércio internacional (aumento do volume de negociações)



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Mundo 4,1% (%2b0,4) 4,4% (-0,3)





Inflação (aumento de preços do consumo)

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Países desenvolvidos 0% (-0,4) 1,2% (-0,2)



Países em desenvolvimento

e economias emergentes

5,5% (-0,1) 4,8% (=)