Jornal Correio Braziliense

Economia

Grécia promete novas reformas e UE diz que esta é sua última chance

Em uma carta enviada ao presidente do MES, o ministro solicita formalmente um empréstimo de três anos em troca de um "pacote de reformas e medidas"

Atenas, Grécia - A Grécia se comprometeu nesta quarta-feira (8/7) a adotar reformas nas pensões e no sistema tributário "a partir da próxima semana" em troca de um empréstimo de três anos do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MES), afirmou o novo ministro grego das Finanças, Euclides Tsakolotos. Em uma carta enviada ao presidente do MES, o ministro solicita formalmente um empréstimo de três anos em troca de um "pacote de reformas e medidas que devem garantir a estabilidade financeira das finanças públicas". Também propõe "adotar imediatamente a partir da próxima semana medidas para reformar os impostos e as pensões".

A Eurozona, um dos principais credores da Grécia, confirmou o recebimento do pedido do novo programa de ajuda. A demanda era esperada depois da reunião de cúpula extraordinária da Eurozona de terça-feira em Bruxelas, na qual os líderes do bloco estabeleceram prazo até domingo para decidir se aceitam conceder uma nova ajuda financeira, sem a qual a Grécia corre o risco de ter que abandonar a união monetária.

Segundo o chefe de Governo espanhol Mariano Rajoy, a Grécia mudou de tom e isso é positivo. Ele fez as afirmações após conhecer os detalhes do novo pedido de resgate de Atenas, que propõe reformas e se compromete em cumprir as regras. "A música é diferente da música que ouvimos até agora e isso é positivo. A letra veremos amanhã, quinta-feira, e espero que as coisas se encaminhem bem", afirmou à imprensa em Madri.

[SAIBAMAIS]O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, por sua vez, pediu a unidade de todos para resolver a crise grega e apelou por um acordo até domingo porque "é nossa última oportunidade". "É realmente o momento decisivo tanto para a Grécia quanto para nós", declarou depois de um debate no Parlamento Europeu em Estrasburgo que contou com a presença do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, cujo país se arrisca a sair da zona do euro se não for alcançado um acordo até domingo. Tusk convocou os credores a não humilhar Atenas, mas pediu que o Estado grego dê mostras de moralidade reembolsando suas dívidas.



O presidente do Conselho Europeu, que representa os 28 Estados membros, ressaltou a intenção dos credores de que "quando se quer ajudar um amigo necessitado, é inútil humilhá-lo". "O processo da última oportunidade acaba de ser iniciado", declarou Tusk, em referência à demanda oficial grega, nesta quarta-feira, de um terceiro programa de ajuda à zona do euro.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, se comprometeu a apresentar "novas propostas de reformas confiáveis" na quinta-feira, como exigem os credores do país. As novas propostas serão analisadas no sábado pelos ministros das Finanças da zona do euro, antes da cúpula dos 28 dirigentes da UE prevista para domingo.

Confiança
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, expressou confiança nesta quarta-feira de que seu governo conseguirá responder às exigências dos credores antes do fim de semana, data limite imposta pelos sócios da Eurozona para alcançar um acordo sobre uma ajuda financeira a Atenas. "Não deixemos que a Europa se divida", afirmou Tsipras em um discurso no Parlamento Europeu em Estrasburgo (leste da França).

Tsipras destacou que o país conseguirá responder às exigências da situação "pelo bem da Grécia, da zona do euro e do interesse econômico e geopolítico da Europa". "O que chamamos de crise grega é a incapacidade coletiva da Eurozona para encontrar uma solução a uma crise da dívida, é um problema europeu, para o qual é necessária uma solução europeia", que evitaria uma "ruptura histórica" da União Europeia, completou.

Ele também expressou oposição às receitas "recessivas". "Minha pátria foi durante cinco anos o laboratório da austeridade, mas o experimento não teve sucesso, apesar do enorme esforço de ajuste consentido", disse. "Nosso programa se concentra nas verdadeiras reformas para lutar contra o clientelismo, a corrupção, a fraude fiscal e as injustiças", completou, antes de destacar que conta com "o acordo dos sócios sobre estas prioridades".

No discurso de abertura do debate no plenário, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, recordou que a zona do euro anunciou na terça-feira um ultimato até o fim de semana a Atenas para que apresente um programa confiável de reformas e ajustes fiscais para evitar "o pior cenário", uma saída do país da zona do euro.

O comissário Europeu de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, afirmou que é possível e necessário um acordo com a Grécia, mas destacou que depende da capacidade de Atenas de apresentar propostas de reformas confiáveis aos sócios da zona do euro. "Até domingo é necessário encontrar uma solução, acredito que é possível. Sim, um acordo é possível, sim, é necessário", declarou ao canal France 2. "A bola está claramente no campo das autoridades gregas", completou.