Jornal Correio Braziliense

Economia

À espera de abertura de bancos, gregos se preparam para um futuro incerto

Os gregos esperam que a surpreendente renúncia do ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, ajude nas negociações com os credores do país, a UE e o FMI

Atenas, Grécia - Após a vitória contundente do ;Não; no referendo de domingo (5/7), os gregos se preparam para um futuro incerto, mas esperam a reabertura dos bancos na terça-feira (7/7) e o avanço das negociações com os credores para um acordo. "Temos muitos problemas, e nem o ;Sim; nem o ;Não; nos representam. Estamos preocupados com nossas vidas, e queremos continuar na Europa", explica à AFP Antonis, de 60 anos.

"Eu decidi não votar. Considero que a pergunta do referendo não era a correta", afirma Alexandra, de 40 anos. "A situação é muito negativa, o fato de ser mais ou menos negativa não é o mais importante", completa.

[SAIBAMAIS]Depois do referendo, começa uma nova etapa para os gregos, que aguardam a reabertura dos bancos na terça-feira, após uma semana de feriado bancário, na qual tinham a possibilidade de sacar 60 euros no máximo por dia nos caixas eletrônicos. "Em dois bancos, os caixas não tinham dinheiro esta manhã. Vou para a terceira tentativa", disse Lambros Vitrios. "Estou com medo de que nos próximos dias não teremos mais dinheiro em espécie. O problema deve ser solucionado de maneira rápida, no mais tardar até o fim da semana, ou então tudo vai desabar", completa .

Nikos, de 47 anos, teme que os bancos não abram as portas na terça-feira, como está prometido. Funcionário de uma loja de relógios de luxo, ele conta que o trabalho está parado. "Devemos dinheiro aos fornecedores e não podemos pagar porque os giros ao exterior estão proibidos".



Amor e ódio a Varoufakis
Os gregos esperam que a surpreendente renúncia do ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, ajude nas negociações com os credores do país, a UE e o FMI. Para Sofia, de 37 anos, a saída do ministro "vai ajudar nas negociações". "É um pouco arrogante, deveria ter sido mais comedido", completa Sofia, que espera "o melhor acordo para todos". "Varoufakis é um revolucionário, alguém muito dinâmico com uma carreira universitária muito importante, mas não é um político. Não sabe muito bem como fazer com as instituições", opina Irene Roka, de 40 anos, que considera a saída do ministro "algo bom" para um acordo com UE e FMI.

O agora ex-ministro é uma figura que desperta paixões, a favor e contra. Anna, que votou ;Não; no referendo, lamenta a renúncia e considera Varoufakis um homem valioso. "Renunciou em uma hora ruim. Eu o conheço muito bem, e sua mãe também, éramos do mesmo bairro, Palio Faliro", conta Anna, perto da sede do ministério das Finanças no centro de Atenas. "É um homem muito inteligente, mas (o ministro alemão das Finanças Wolfgang) Sch;uble não queria sua presença. Que Sch;uble fique onde está e nos deixe tranquilos", completa a mulher, de 60 anos.

Ela acrescenta que "aconteça o que acontecer, a Grécia nunca morre, porque os gregos são orgulhosos". Uma opinião contrária a de Nina, uma aposentada que no domingo caminhava pelo Jardim Nacional, atrás do Parlamento, e chama Varoufakis de "arrogante narcisista que destruiu o país inteiro". "Acredito que alguém tinha que carregar a responsabilidade e encontraram o bode expiatório, Varoufakis. Mas a chave está em mudar a situação, em ajudar o povo", ameniza Katerina, de 30 anos.