Servidores concursados da Câmara dos Deputados fazem assembleia às 14h de hoje, no Salão Verde, em frente ao plenário, para discutir a paralisação das atividades. Ontem, centenas de servidores se reuniram para um protesto no local. Alguns reclamaram da suposta ;perseguição; do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O estopim do movimento são as informações de que a Mesa Diretora da Câmara elabora estudos para cortar os repasses da União ao plano de saúde dos servidores da Casa (o Pró-Saúde). O Sindilegis, que representa os servidores do Legislativo federal e do Tribunal de Contas da União (TCU), requereu a Cunha uma audiência pública para tratar do assunto. ;Esta não é a Casa do povo? Acho que a gente tem que cruzar os braços, a depender da resposta dele. Tem que fechar as portas, parar tudo!” , disse uma servidora, ao defender a greve.
O presidente do Sindilegis, Nilton Paixão, disse que os servidores não aceitarão pressão da presidência da Casa. Durante o protesto, alguns trabalhadores disseram que colegas estariam sendo intimidados a não se manifestar. ;Ele (Cunha) vem ameaçando, veladamente, para que isso (o movimento) se disperse. Sabe o que nós vamos dizer a ele? Que amanhã (hoje) estaremos aqui em dobro. Depois, o triplo, o quádruplo, até que todos os servidores estejam aqui.; Representantes do Sindilegis também comentaram que a manutenção de reservas é praxe entre os planos de saúde de servidores. O Pró-Saúde conta, hoje, com cerca de R$ 380 milhões em caixa, soma levantada com aportes da Câmara e dos servidores.
Conforme mostrou o Correio no sábado, Eduardo Cunha chegou a pensar em substituir os reembolsos de despesas médicas feitos aos deputados pela contratação de planos de saúde. A ideia foi descartada depois de o corpo técnico da Casa calcular que os custos subiriam dos atuais R$ 2 milhões para algo entre R$ 17 milhões e R$ 22 milhões.
Ponto eletrônico
Os servidores aproveitaram a manifestação de ontem para reclamar da adoção do ponto eletrônico, que começou a vigorar em de maio, exigindo frequência de oito horas diárias. Uma das principais reclamações é de que a Mesa Diretora ainda não regulamentou a exigência de ponto eletrônico para os servidores comissionados, detentores dos chamados Cargos de Natureza Especial (CNEs), e assessores de deputados. De acordo com o Ato da Mesa que regulamenta o ponto, a Casa deveria publicar uma norma para a frequência dos comissionados até o começo de junho, o que não ocorreu.