Rio de Janeiro - Os brasileiros puxaram o freio de mão no consumo e a economia brasileira encolheu 1,6% no primeiro trimestre de 2015 na comparação com o mesmo período do ano passado e recuou 0,2% em relação ao último trimestre de 2014. Em 12 meses fechados em abril, o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas do país, caiu 0,9%. Em valores correntes, o PIB brasileiro ficou em R$ 1,408 trilhão no início deste ano. Os dados foram divugados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica (IBGE).
O consumo das famílias, que representa 63% da economia pela ótica da demanda, caiu 0,9% no primeiro trimestre do ano ante o último do ano passado. Foi a primeira vez que isso ocorreu desde o terceiro trimestre de 2003. Na comparação com igual período de 2014, os brasileiros gastaram 1,5% a menos.
De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca de La Roque Paris, praticamente 75% de toda economia nacional encolheu no primeiro trimestre de 2015. Os serviços, que representam 71% da economia pelo lado da produção, tiveram o maior peso para a queda do PIB. O setor não resistiu à crise econômica e recuou 0,7% nos três primeiros meses do ano na comparação com o quarto trimestre do ano passado e 1,2% na relação a igual período de 2014. ;Comércio, com queda de 6%, e transporte, com retração de 3,6%, tiveram o maior peso no desempenho dos serviços. São dois setores que estão muito atrelados á indústria, que vem caindo desde o segundo trimestre de 2014;, afirmou.
O setor industrial teve nova retração de 0,3% no primeiro trimestre do ano sobre o último do ano passado e queda de 3% ante igual período do ano passado, sobretudo por conta do desempenho negativo do segmento de transformação. ;O maior peso da indústria, 47% , é transformação, que teve queda de 7%, com piores desempenhos do segmento automotivo e de máquinas e equipamentos;, ressaltou Rebeca.
Como a indústria é o setor que mais investe, a recessão do setor vem abalando o nível de investimentos do país. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) desabou 7,8% no primeiro trimestre sobre igual período de 2014 e queda de 6,9% no acumulado em 12 meses. Há quatro trimestres seguidos que os investimentos caem. Hoje, a taxa em relação ao PIB, que se manteve em 20,3% desde 2012, caiu para 19,7% do PIB.
Campo em alta
O único dado positivo veio da agropecuária, que cresceu 4,7% no primeiro trimestre de 2015 sobre o quarto de 2014 e 4% ante o primeiro trimestre do ano passado. No acumulado em 12 meses, o agronegócio registra alta de 0,6%. ;A soja cresceu muito, mais de 10% em produção e 4,7% em área plantada. Isso significa que houve ganho de produtividade. O setor ajudou para o resultado do PIB não ser pior;, analisou Rebeca.
Até o governo regulou mais os gastos e o setor registrou queda de 1,3% sobre o quarto trimestre de 2014 e 1,5% ante o primeiro trimestre de 2014. Em 12 meses, a retração é de 0,2%. A queda de 1,5% é a maior desde o quatro trimestre de 2000, quando foi de 2,8%. De acordo com Rebeca, isso já é efeito do ajuste fiscal. ;O gasto corrente do governo é com pessoal, não considera investimento, portanto os governos, nas três esferas, estão contratando menos;, disse.