Jornal Correio Braziliense

Economia

Novo protocolo para registros de carne estimulará exportações, diz CNA

O cadastro único terá rígidos procedimentos de registro e controle genético

As carnes brasileiras só poderão estampar os rótulos de raça do animal se obedecerem a rígidos procedimentos de controle genético e de registro. Por enquanto, apenas as carnes bovinas da raça angus cumprem esses requisitos, segundo acordo assinado hoje (14) entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Associação Brasileira de Angus. Segundo as entidades, o novo protocolo trará segurança para o consumidor e estimulará as exportações de carne de qualidade.

As informações sobre a procedência dos animais ficarão armazenadas na Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA), banco de dados sobre o agronegócio brasileiro criado em 2009 por meio de parceria público-privada entre a CNA e o Ministério da Agricultura. A plataforma centraliza as informações que antes estavam armazenadas em cada estado e não eram interligadas. O Serviço de Inspeção Federal fiscaliza os procedimentos de registro e a autenticidade dos dados.

Leia mais notícias em Economia

Uma circular do Ministério da Agricultura editada em fevereiro estabeleceu os critérios mais rígidos para o registro de rótulos com indicação de raça bovina. Agora, o produtor que quiser certificar a origem da carne precisa estar vinculado a uma associação de raça e deve obedecer aos protocolos determinados por ela. Depois dos produtores de carne da raça angus, as associações das raças Nelore Natural e Wagyu devem ser as próximas entidades a aderirem ao novo sistema.

;O cadastro único é o ponto de partida para a segurança da informação. O consumidor agora tem certeza de que está pegando, na prateleira, a carne correspondente à raça;, disse o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Décio Coutinho. Segundo ele, o novo protocolo impedirá a concorrência desleal de frigoríficos que vendiam carnes de raça sem comprovarem a procedência, levando à proliferação de marcas sem a indicação da origem genética dos animais.

Segundo o presidente da CNA, João Martins, a falta de uma legislação específica para a rotulagem de cortes de carne de raça impedia o Brasil de exportar carnes de qualidade para a União Europeia. ;Inauguramos uma nova fase na exportação de carne de alta qualidade do Brasil. O protocolo é a ponta de lança para que o Brasil saia de mero exportador de carne para vendedor de carne com certificação de raça;, explicou.

O presidente da Associação Brasileira de Angus, José Roberto Weber, disse que o sistema garante a credibilidade no mercado de carne. ;Podemos oferecer carne de qualidade ao consumidor de forma permanente. Sem que ele compre um dia carne de raça e, no outro dia, seja enganado;. Desde 2003, a entidade tem um programa de certificação, que será usado como referência para a comprovação genética das carnes da raça.