A zona do euro registrou em abril uma inflação nula (0,0%), o suficiente para permitir ao bloco deixar para trás quatro meses consecutivos de queda dos preços que haviam provocado deflação, anunciou a agência europeia de estatísticas Eurostat em sua primeira estimativa. O resultado é uma boa notícia para o Banco Central Europeu (BCE), mas vários fatores ainda seguram a inflação, em particular a lenta redução do desemprego.
Para lutar contra o risco de deflação, marcada por queda de preços e de salários, o que afeta a recuperação econômica, o BCE iniciou em março um ambicioso projeto para a compra de dívida com o objetivo de sustentar os preços e incentivar a recuperação na Europa.
[SAIBAMAIS]O programa, denominado ;expansão quantitativa;, prevê a compra de mais de um trilhão de euros de títulos da dívida pública e privada até setembro de 2016, o que representa uma injeção de liquidez no sistema. Em um relatório, a instituição com sede em Frankfurt destaca que as "expectativas de inflação na zona do euro a longo prazo se recuperaram" e considera que este pode ser o primeiro sinal de sucesso do programa.
O objetivo a médio prazo do BCE é manter a inflação próxima, mas inferior, a 2%. O BCE prevê uma inflação nula em 2015, mas de 1,5% em 2016 e de 1,8% em 2017. A inflação entrou no terreno negativo em dezembro, com -0,2%. A queda de preços se acentuou em janeiro (-0,6%), antes cair a -0,3% em fevereiro e a -0,1% em março.
Mas para os analistas, a meta do BCE ainda está longe de ser assegurada, já que a estabilidade dos preços observada em abril não representa um sinal de queda nas pressões deflacionistas, como recordam os dados do desemprego em março, que mostram uma desaceleração considerada muito lenta.
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A Eurostat anunciou nesta quinta-feira os números do desemprego, que ficou em 11,3% em março na Eurozona, resultado similar ao de fevereiro. Apesar do índice similar, a zona do euro contava com 36.000 desempregados a menos que em fevereiro, em um total de 18,105 milhões. Na comparação com março de 2014, o número de pessoas em busca de um emprego registrou queda de 679.000 no bloco econômico.
A Alemanha registra o menor índice de desemprego, com 4,7%, seguida por Áustria e Luxemburgo (5,6% e 5,7% respectivamente). A Grécia permanece com o maior índice de desemprego, com 25,7%, segundo os últimos dados disponíveis, relativos a janeiro, seguida pela Espanha (23,0%).