A atração de atividades produtivas, em especial atividades industriais, tem reduzido a desigualdade social no país. Um estudo do Instituto Brasiliense de Estudos da Economia Regional (Ibrase), entidade ligada ao Conselho Federal de Economia (Cofecon), divulgou ontem que os investimentos têm reduzido o descolamento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita das periferias em relação aos núcleos metropolitanos das 15 principais regiões metropolitanas.
Em Campinas, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Vitória, a participação das periferias no PIB metropolitano é maior que a dos grandes centros. Devido a forte presença de indústrias em Betim e Contagem, a região periférica da capital mineira tem uma representatividade de 57% do crescimento. Em contrapartida, a ausência de industrialização em Brasília faz com que a periferia detenha apenas 5,5% do PIB metropolitano, a pior concentração de renda em comparação aos núcleos entre todas as metrópoles.
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Diferente do aumento em qualidade de vida que as famílias brasileiras atingiram em outras periferias do país, quem mora nos 12 municípios do Entorno no Distrito Federal amarga o descompasso da distribuição de renda. A baixa capacidade de investimentos públicos ou privados torna 90% dessa população dependente dos serviços públicos do DF, como saúde e educação. Dos 1,2 milhão de moradores, 500 mil trabalham no núcleo metropolitano e levam até três horas a caminho do serviço.
;A desigualdade social nessa região é grande. É o preço pago por ter uma receita tributária muito reduzida e não dispor de uma relevante atividade de geração de empregos;, avaliou o presidente do Ibrase, Júlio Miragaya. A discrepância é grande até mesmo entre periferias. Em comparação ao PIB per capita dos arredores de Belo Horizonte, o PIB per capita da periferia de Brasília, de R$ 8.870, é três vezes inferior. Frente ao núcleo metropolitano da capital, o fosso é ainda mais grave: sete vezes menor.
Apesar do avanço da atração de atividades produtivas, o efeito ainda é tímido. As 15 periferias estudadas participam com 37,2% do PIB metropolitano, e a retração da indústria deve adiar a retomada dos investimentos. Miragaya acredita que os ajustes fiscais e a alta do câmbio favorecerão a indústria, mas admite que os efeitos só serão sentidos a partir de 2016. ;A única saída para manter o processo de aproximação do PIB per capita das periferias em relação aos núcleos metropolitanos é desenvolver as atividades econômicas e fazer com que essa relação de enorme assimetria se transforme em maior equilíbrio. Mas, será necessário direcionar as políticas de investimento;, destacou.