Jornal Correio Braziliense

Economia

Ministro da Fazenda defende terceirização para produtores rurais

Em evento em Goiás, Levy anuncia que ainda esta semana serão anunciadas as condições para o pré-custeio da próxima safra

Rio Verde, Goiás ; O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, aproveitou sua presença em um evento do setor agrícola para defender o projeto de terceirização que tramita no Congresso Nacional, mas destacou que o governo apoia a mudança desde que ;todas as contribuições que garantam os direitos dos trabalhadores sejam preservadas;, tanto na área rural quanto urbana.



;A gente quer fazer isso da maneira mais simples. As coisas, às vezes complicam;, disse ele em referência às dificuldades do governo em negociar com o Congresso não somente para aprovar essa medida como as demais que Levy enviou para dar corpo ao ajuste fiscal que vem tentando executar na esfera pública e privada. ;Esse diálogo e esse avanço são fundamentais para trazer tranquilidade ao agricultor e ao trabalhadores assim como para o ambiente de investimento;, disse o ministro anunciando que, ainda nesta semana, será anunciado os limites para o pré-custeio, crédito para insumos da próxima safra.

;Vamos decidir com a presidente. Estamos atentos também ao seguro para dar a tranquilidade para que todos possam se dedicar com a sua terra e ter acesso a tecnologias, criando um setor agrícola cada vez mais forte e com as classes médias com rendas cada vez mais altas;, afirmou Levy durante a abertura da feira Tecnoshow Comigo, em Rio Verde (GO). Ele também anunciou que haverá aumento ;muito significativo; na oferta de crédito para a classe média rural, em, no mínimo, 20% a 30% para os recursos do Pronamp, que, no ano passado, somaram R$ 16 bilhões.

Em sua fala a um público de aproximadamente 700 pessoas no auditório principal da feira goiana, o ministro destacou a importância do agronegócio e a particularidade em que a economia se encontra atualmente. ;É um negócio que envolve inúmeras cadeias produtivas. Estamos vivendo momentos diferentes, em que o câmbio ajuda os preços das commodities, mas impacta nos custos;, explicou.

Ele mais uma vez defendeu o ajuste fiscal e a importância do realismo tarifário e de preços para que o governo consiga reequilibrar as contas públicas que fecharam 2014 com um rombo de R$ 32,5 bilhões, ou 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB), e conseguir neste ano R$ 66,3 bilhões, ou 1,2% do PIB, de superavit primário para o pagamento de juros da dívida pública. ;A gente não pode ter o que se chama com um problema o risco fiscal. Vocês sabem perfeitamente que se a gente começa a criar problema com credor, as coisas não funcionam bem;, explicou. ;Tenho certeza que esse ajuste fiscal for feito rápido, o custo vai ser pequeno e vamos retomar mais facilmente o crescimento;, afirmou. ;Precisamos tentar recalibrar algumas coisas para voltar a crescer;, emendou.

Despojado
O ministro da Fazenda chegou a Rio Verde acompanhado da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e do ministro do Turismo, Vinicius Lages, com roupas despojadas. Sem terno, sem gravata e usando calça jeans e sapatênis, Levy e as demais autoridades chegaram com mais de uma hora de atraso. A abertura do evento, prevista para começar às 9h, só teve início por volta das 10h30.

Logo no início, o ministro ouviu as queixas do Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), Antonio Chavaglia, que ressaltou a necessidade de ampliação da oferta de crédito ao produtor assim como o seguro para os que tiverem problemas com a safra. ;As pessoas só querem trabalhar ministro, avisou. ;Não é possível um país como o Brasil destinar apenas R$ 300 milhões para o seguro agrícolas. No mínimo, precisávamos de R$ 5 bilhões;, afirmou. ;Será que o senhor tem um pouquinho de carinho por esse setor que coloca comida na mesa do brasileiro?;, perguntou. Levy, afirmou que vai olhar ;com cuidado; para essa questão.

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, anunciou que o próximo Plano Safra, que será anunciado em maio deverá ter mais recursos do que no ano passado. ;Esse plano terá todas as condições para os produtores trabalharem sem redução do volume de crédito disponível. Não teremos redução dos recursos no Plano Safra deste ano;, afirmou. No entanto, ela reconheceu que as taxas de juros serão maiores, mas não anunciou quanto.

Apesar da expectativa de aumento nas taxas de juros de financiamento para a próxima safra, a expectativa é que a demanda aumente. Em apenas uma pequena cidade do interior de Goiás, com 100 mil habitantes, uma agência do Banco do Brasil conseguiu emprestar na última safra R$ 400 milhões e, neste ano, a previsão é que esse montante salte para R$ 500 milhões, de acordo com um funcionário do banco. ;Com a alta do dólar, o custo com fertilizantes, que são em grande parte importados, aumentou. Por isso, nossa previsão é que, mesmo com os juros mais elevados, a demanda por crédito vai aumentar porque o custo da produção cresceu;, explicou o gerente que pediu anonimato.

Kátia Abreu demonstrou indignação com o fato de o Brasil ser campeão na produção de alimentos, mas não consegue ser reconhecido como um roteiro gastronômico. ;Vamos trabalhar para mudar isso. Queremos atrair o turista estrangeiro para conhecer nossas comidas. Vamos fazer o marketing do nosso produto;, disse ela acrescentando que, em parceria com o Ministério do Turismo, os produtores de café nacional vão ter um estande de exposição durante as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

A ministra ainda informou que, no próximo dia 29, lançará o Plano de Defesa Agropecuária. ;Queremos que o Ministério da Agricultura em todas as suas superintendências possam se aproximar dos produtores rurais e da agroindústria;, disse ela acrescentando que e anunciou uma rodada de visitação em parceria com o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) para ampliar as exportações brasileiras dos pequenos e médios produtores.

Sobre a feira
A Tecnoshow Comigo é a maior feira agropecuária do Centro-Oeste e uma das quatro maiores do país, de acordo com os organizadores. Ocorre anualmente em Rio Verde (GO) e está em 14a edição. O evento aberto nesta segunda-feira (13/04) ocorre até o próximo dia 17.

Com 540 expositores espalhados em 60 hectares de área do Centro Tecnológico Comigo (CTC), a feira goiana recebeu mais de 100 mil visitantes e movimentou pouco mais de R$ 1,4 bilhão em negócios no ano passado. O número de participantes da feira foi o mesmo de 2014. Os organizadores não informaram qual é a expectativa de público muito menos quanto esperam faturar neste ano com o evento.