No andar térreo, ao lado do comitê de imprensa, um banheiro, que havia sido totalmente remodelado em 2012, está novamente em reforma há sete meses. Iniciada em setembro de 2014, a nova empreitada ainda não foi concluída. A obra faz parte de um conjunto de serviços contratados pela Fazenda de setembro a dezembro do ano passado para reformar pelo menos cinco banheiros. Até agora, esse pacote custou pouco mais de R$ 500 mil, de acordo com dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi). Nesse montante estão incluídos R$ 72 mil gastos com louças e metais para os sanitários do 10; andar do Edifício Alvorada, onde fica a sede do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), epicentro das investigações da Operação Zelotes, que desvendou um esquema de corrupção que pode ter dado um prejuízo de mais de R$ 19 bilhões aos cofres da União.
A obra anterior nos sanitários do térreo do Ministério da Fazenda demorou quase um ano para ficar pronta e foi realizada pela Delta, que já foi a maior empreiteira de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mesmo após a conclusão dos trabalhos, eram constantes problemas como vazamentos e trepidação nas torneiras.
Procurada, a Fazenda não detalhou os custos das reformas nem comentou o fato de duas obras acontecerem em tão pequeno intervalo de tempo. Em nota, informou que a demora da atual reforma ;é decorrente da própria natureza dos serviços de engenharia;. E acrescentou que os trabalhos atuais ;não têm natureza provisória;.
Transparência
De acordo com ministério, ;os banheiros estão sendo reformados para atender à demanda de servidores que recentemente passaram a ocupar os espaços da área administrativa;. Antes, parte da ala abrigava as instalações provisórias da agência do Banco do Brasil. A instituição chegou a colocar um elevador até o mezanino, que agora fica parado porque, ;no momento, não existe um contrato de manutenção;. Para ampliar a minúscula copa do térreo, ao lado dos banheiros que estão sendo reformados, o piso de mármore branco, da época da inauguração de Brasília, foi substituído por placas de granito, uma pedra menos nobre.
O professor Matias-Pereira, da UnB, destacou que o Ministério da Fazenda não é o único caso de obras problemáticas no país. ;Reformas são sempre um problema. Elas acabam ficando mais caras do que a construção de algo novo;, lamentou. ;Quando são feitas em órgãos públicos, é preciso ter cuidado redobrado. Nessa área, é necessário que os contratos tenham bastante transparência. Podemos estar diante de uma situação de desperdício de dinheiro do contribuinte;, emendou.