Os reajustes de medicamentos podem quebrar a indústria farmacêutica e provocar desemprego. O alerta é do empresário Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), ao analisar a previsões de cálculo publicadas hoje no Diário Oficial da União. Aumento é considerado insuficiente para repor a escalada dos custos. Mussolini destacou que os empresários do setor, além de terem sido surpreendidos com a retirada da desoneração da folha de pagamento, ainda têm que lidar com câmbio desfavorável, alta do preço da energia e da água e pressões por aumentos reais de salário dos funcionários.
Ele vai tentar convencer o governo e o Congresso Nacional para que os benefícios fiscais se mantenham. ;O governo não teria um gasto tão grande assim. Como o Estado é o maior comprador de medicamentos, havia uma contrapartida. Creio que, com esse argumento, é possível sensibilizar o Executivo e o Legislativo e também os funcionários. Nesse momento, é preciso abrir mão de ganhos reais para manter o nível do emprego;, assinalou. Nos cálculos do Sindusfarma, ante um aumento médio de 15% nos custos de produção do setor, em 2014, e uma desvalorização do real de 27% nos últimos 12 meses, estima-se que o governo autorizou um reajuste médio entre 5,40% e 5,90%.
Queda no lucro
Desde 2011, a rentabilidade das empresas vem sendo comprometida. Entre 2008 a 2014, para um reajuste de preços dos medicamentos acumulado de 33,19%, a inflação geral acumulada atingiu 47,25% (INPC-IBGE) e os aumentos de salário somaram 62,06%. ;Mas até então, conseguíamos contornar, com o aumento da produção;, disse. A indústria registrou alta no faturamento em 11% e 13% nos últimos anos. Em janeiro de 2015, no entanto, em relação a dezembro, teve queda de 6,9%. Em em fevereiro, frente ao mês anterior, o baque chegou a 7,3%.
Mas os medicamentos, por força da lei, deverão ter aumento médio de 5,90%, novamente abaixo da inflação, a partir do próximo dia 31. Em 2014, a alta permitida foi de 4,94% em média, enquanto a inflação geral foi de 6,41%, segundo o IPCA do IBGE. Para Mussoline, o modelo de regulação econômica do mercado farmacêutico precisa ser revisto, para garantir o equilíbrio econômico-financeiro das empresas e contemplar também a remuneração dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Ele revelou também que algumas empresas projetam gastos 20% maiores, em insumos (na maioria importados, submetidos a variação cambial de 44% entre janeiro de 2012 e janeiro de 2015) e materiais de embalagem (plástico, alumínio e papelão).
O Ministério da Saúde não quis se manifestar sobre o assunto. Por meio da assessoria de imprensa, informou que os números apurados pelo Sindifarma são simulações e que o valor médio exato só será divulgado em 31 de março. O reajuste dos medicamento não é imediatamente repassado ao consumidor. As primeiras variações de preço devem acontecer em junho ou julho, quando começam as reposições de estoque.