A Operação Lava-Jato, que investiga um esquema de propinas e de desvio de recursos da Petrobras, já está provocando estragos no sistema financeiro. Ontem, o Banco Central revelou que tem monitorado cada vez mais de perto as operações bancárias envolvendo as construtoras que estão sob a mira da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República. O temor da autoridade monetária é de que uma eventual quebradeira das empreiteiras provoque uma onda de calotes, colocando em risco bancos que concederam empréstimos vultosos a essas empresas.
Ao fim da apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira, um documento trimestral em que o BC avalia a solidez do sistema bancário, o diretor de Fiscalização e de Regulação da autarquia, Anthero Meirelles, admitiu que os desdobramentos da Lava-Jato têm merecido atenção e acompanhamento permanente do órgão. ;É uma operação de porte, que atinge um setor relevante do ponto de vista econômico;, comentou, definindo o momento como desafiador. ;Mas temos bastante segurança da capacidade do nosso sistema financeiro de absorver eventuais impactos;, ponderou.
No segundo semestre do ano passado, quando a Lava-Jato já havia sido deflagrada, o sistema financeiro nacional se mantinha sólido, sublinhou Meirelles. Ele assegurou que os bancos brasileiros estão preparados para enfrentar cenário bastante adverso, mas deixou claro que ainda não é possível mensurar o impacto do avanço das investigações neste início de ano. ;Não temos bola de cristal;, alegou.
O BC tem simulado situações extremadas, e dia a dia vasculha informações para entender a cadeia de efeitos do esquema de corrupção. No próprio relatório divulgado ontem, a autoridade monetária pontuou que ;o acesso mais restrito a financiamentos pelas empresas investigadas na Lava-Jato e seus fornecedores enseja atenção relativamente aos seus impactos potenciais sobre a capacidade de pagamento dos tomadores de crédito;.
O Banco Central encaminhou uma carta ao Correio, na qual considera incorretos a manchete e o título de matéria publicada hoje no jornal. Mas, o jornal confirma todas as informações publicadas. O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, disse, sim, que a instituição está acompanhando com lupa todos os empréstimos concedidos pelos bancos às empresas envolvidas na Operação Lava-Jato, para medir o impacto no sistema financeiro em caso de eventuais problemas. O que, se ressalte, nada mais é do que obrigação do BC. Em outros tempos, um Banco Central omisso permitiu irregularidades em série que resultaram na quebra de grandes bancos, como o Nacional e o Econômico.
Confira a carta do BC, na íntegra:
Em atenção aos leitores desse jornal, o diretor de Fiscalização do Banco Central do Brasil, Anthero Meirelles, esclarece que estão incorretos a manchete e o título de matéria da edição desta sexta-feira do Correio Braziliense. O que foi dito durante a apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira, em entrevista coletiva concedida na última quinta-feira, foi que a autoridade monetária tem bastante segurança na capacidade do sistema financeiro de suportar efeitos de choques decorrentes de cenários adversos, incluindo aí eventuais impactos referentes à Operação Lava Jato. Essa afirmação é corroborada pelos testes de estresse feitos pelo BC e detidamente explicados na entrevista, bem como outros estudos e análises. A própria matéria do Correio, traz, ao longo do texto o seguinte:
"Ao fim da apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira, um documento trimestral (sic) em que o BC avalia a solidez do sistema bancário, o diretor de Fiscalização e de Regulação da autarquia, Anthero Meirelles, admitiu que os desdobramentos da Lava-Jato têm merecido atenção e acompanhamento permanente do órgão. ;É uma operação de porte, que atinge um setor relevante do ponto de vista econômico;, comentou, definindo o momento como desafiador. ;Mas temos bastante segurança da capacidade do nosso sistema financeiro de absorver eventuais impactos;, ponderou." (grifo nosso).
O acompanhamento, mensuração e mitigação dos riscos à estabilidade integra a missão do Banco Central, portanto é de todo óbvio que a Autarquia acompanhe de forma detida os desdobramentos e potenciais impactos da já citada operação no SFN.
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