A sexta-feira 13 tem sido de preocupações para o governo. Além de uma onda de manifestações de centrais sindicais marcadas para acontecer em várias capitais, o Palácio do Planalto também acompanha com atenção a movimentação no mercado de câmbio. A preocupação não é sem motivo. Antes mesmo da abertura oficial do dos negócios na bolsa de valores de São Paulo, por volta das 9h50, o dólar já superava os R$ 3,21, com alta de 1,4%, sobre o valor de fechamento da quinta-feira (12/03), o maior patamar em mais de uma década.
Ao meio dia, a cotação rompeu novo recorde, e chegou a R$ 3,28. Às 13h55, a moeda cedeu para R$ 3,24, ainda assim em alta frente o fechamento de quinta-feira.
Praticamente todas as moedas dos países emergentes abriram o dia em queda frente o dólar esta sexta-feira (13/03).Pesam contra o real brasileiro as preocupações do cenário político, por causa das manifestações marcadas para hoje e para domingo. Também dominam a agenda dos investidores o cenário externo mais adverso, que reflete o mau humor dos mercados com economias de países emergentes.
[SAIBAMAIS]Em análise enviada a clientes nesta manhã, o diretor de Pesquisas para Mercados Emergentes do banco Goldman Sachs, Alberto Ramos, mencionou que a disparada do dólar ainda está longe de ser um exagero do mercado, já que, na avaliação dele, o valor justo do dólar seria de R$ 3,22.
No entanto, o economista chama a atenção para o rápido movimento de alta, já que a moeda vem ganhando força diariamente. Na avaliação de Ramos, uma maior ;deterioração; do ambiente econômico e político do país ;certamente; poderia gerar uma disparada do dólar, empurrando a moeda norte-americana para patamares bem acima do valor teórico justo, acrescentou.
As consequências, não só para viajantes internacionais, seriam desastrosas. ;Nossos cálculos mostram que o repasse da alta do dólar para a inflação está longe de ser trivial;, assinalou Ramos, acrescentando que o impacto esperado é de cerca de 6% sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). ;Tudo isso reforça a nossa visão de que o Banco Central deve manter-se extremamente vigilante a fim de ancorar com sucesso as expectativas de inflação e limitar efeitos de contágio do dólar sobre outros preços.; Caso contrário, mencionou o economista, mesmo a inflação de 2016 poderia vir a ser muito mais desafiadora do que o consenso do mercado atual e projeções do BC, atualmente de 4,5%.