Jornal Correio Braziliense

Economia

País já registra prejuízos com protestos de caminhoneiros

Bloqueios em 10 estados interrompe produção de fábricas e ameaça cidades com desabastecimento de indústrias, postos, aeroportos e supermercados em várias regiões. Problemas chegaram ao DF

A colheita de soja em diversas fazendas do norte de Mato Grosso está sendo paralisada nesta terça-feira, em um momento que seria de trabalhos intensos, devido à falta de diesel para abastecer o maquinário, em uma das consequências mais visíveis dos bloqueios nas estradas do Estado. Há risco de perdas de parte da safra em função da paralisação dos trabalhos no campo, já que as chuvas previstas para o fim da semana poderão estragar os grãos maduros que restarem nas lavouras. Os protestos de caminhoneiros nas rodovias por menores custos nos transportes restringem o fluxo de combustíveis no Estado e de outras mercadorias, incluindo o da própria soja para os portos exportadores. A BR-163, alvo dos protestos, responde por 70% do escoamento da produção agrícola de Mato Grosso.

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Os contratos futuros da soja negociados na bolsa de Chicago (EUA) subiram nesta terça-feira para uma máxima de seis semanas por um potencial aumento da demanda do produto dos Estados Unidos, com compradores no exterior preocupados com interrupções de fornecimento do Brasil, devido a protestos de caminhoneiros e chuvas reduzindo o ritmo da colheita, disseram operadores. Um suporte adicional para o mercado veio da oferta apertada de soja no terminal de exportação do Golfo dos EUA, uma vez que rios congelados no Meio-Oeste retardaram a movimentação de barcaças que vão para as áreas de exportação. No fechamento, o contrato para março da soja subiu 1,55%, a US$ 10,155 por bushel (medida de 27 quilos), um pouco abaixo da máxima da sessão.

As manifestações de caminhoneiros que bloqueiam diversas rodovias em vários estados estão afetando a chegada de soja e milho ao porto de Paranaguá, um dos principais pontos de exportação de grãos do país, informou a administração do porto paranaense nesta terça-feira. O porto de Paranaguá tinha somente 45 caminhões em seu pátio na manhã de terça-feira, ante 900 veículos esperados normalmente no período da manhã nesta época de colheita de soja, informou a administração portuária, por meio de sua assessoria de imprensa. Segundo a direção do porto, há risco de atrasos nos carregamentos dos navios atracados no porto e também das embarcações que aguardam no mar, se os protestos dos caminhoneiros se estenderem por mais tempo.

Reflexo nas exportações
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, informou ontem que a greve de caminhoneiros em diversos estados do país pode piorar o resultado da balança comercial em fevereiro. Ele admitiu que as exportações e a economia em geral podem sofrer algum reflexo dos bloqueios de estradas. Logo em seguida, tentou fez a ressalva de que o impacto não seria "algo muito relevante". Monteiro aposta na articulação de "vários ministérios" para impedir estão interagindo para ver" o que pode ser feito com relação ao movimento.