Todas as notas da Petrobras foram rebaixadas pela agência de classificação Moody;s na noite dessa quinta-feira (29/1). Segundo a Moody;s, os ratings, que são uma opinião prospectiva sobre a qualidade de crédito, permanecem em revisão para rebaixamento adicional. A decisão ocorre por preocupações com as investigações sobre corrupção na estatal pela Operação Lava-Jato e a possível pressão sobre a liquidez da companhia em função de atraso na divulgação dos resultados financeiros auditados.
[SAIBAMAIS]Ontem, a Petrobras afirmou que não conseguirá pagar os dividendos de 2014 aos acionistas, caso a situação piore. Também avaliou que as investigações da Lava-Jato podem levar até dois anos. Em teleconferência com analistas e investidores, a diretoria da estatal apresentou os dados do balanço não auditado do terceiro trimestre do ano passado, divulgado na madrugada de quarta-feira (28/1). O documento aponta redução de 38% no lucro líquido, em relação ao período anterior.
Envolvida em escândalos, a estatal ainda precisa contabilizar os prejuízos com os desvios de dinheiro e o superfaturamento de contratos, que podem chegar a R$ 88,6 bilhões, segundo um levantamento preliminar. Os valores, porém, não foram retirados do balanço porque, pressionado pelos ex-ministros Guido Mantega e Miriam Belchior, que ainda integram o órgão, o Conselho de Administração da empresa não ratificou a metodologia usada para calcular as perdas.
Descalabro
Na terça-feira, a Petrobras deu uma sinalização do tamanho das baixas patrimoniais que poderá ter que registrar, ao declarar que a avaliação de 52 empreendimentos em construção ou em operação, citados na Operação Lava-Jato, estão com valor contábil acima do considerado justo. O montante de R$ 88,6 bilhões corresponde a 77% do valor de mercado da companhia, que vem diminuindo a cada dia.
Diante de tamanho descalabro, a presidente da estatal, Graça Foster, destacou que a companhia não tem condições de apresentar, até abril, como previa, o plano de negócios para o período de 2015 a 2019. ;Não temos a menor condição de prever nada. No fim do primeiro semestre, teremos mais certeza sobre dados como preço do petróleo, taxa de câmbio e (investigações da Operação) Lava-Jato;, justificou.
Com bilhões de dólares em títulos no exterior, o atraso prolongado na divulgação de balanços auditados pode levar os credores a declarar o vencimento antecipado das dívidas, o que abalaria o caixa da petroleira. Barbassa disse que tem conversado com os detentores de bônus para evitar que a situação se agrave ainda mais.
Com informações de Simone Kafruni e Paulo Silva Pinto