Jornal Correio Braziliense

Economia

Ministro do Trabalho admite que emprego teve o pior resultado desde 1999

Brasil criou, em 2014, menos de 400 mil vagas com carteira assinada. Para ministro, resultado ruim reflete o pessimismo que minou a economia



O ministro do Trabalho, Manoel Dias, admite que o estoque de empregados com carteira assinada cresceu menos de 1% em 2014. A pequena expansão indica que foram abertas menos de 400 mil vagas no ano passado, o pior resultado desde 1999. Naquele ano, o saldo entre admissões e desligamentos foi negativo em 196 mil postos. O número oficial do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) será divulgado hoje.

Em relação a 2013, a criação de vagas encolheu mais de 64%. O número ruim se confirmou porque, em dezembro, foram fechados 538 mil postos com carteira assinada. Mesmo com a piora do mercado de trabalho, Dias avalia que as medidas tomadas pelo governo, que implicaram alta de juros, de impostos e de preços de energia elétrica, colocarão o país de volta aos trilhos do crescimento econômico.

Dias destaca ainda que as mudanças nas regras de concessão de seguro-desemprego e abono-salarial serão importantes para reduzir a rotatividade do mercado sem retirar direitos dos trabalhadores. Confira abaixo os principais trechos da entrevista exclusiva que o ministro concedeu ao Correio.

O ano passado foi ruim para o mercado de trabalho. O ministério projetou a criação de 1 milhão de empregos em 2014, mas a meta não foi atingida. O que ocorreu?
O ano de 2014 foi atípico. Primeiro, tivemos a Copa do Mundo, em que se empreendeu uma campanha negativa de que o evento não aconteceria. Além disso, a produção nacional e as vendas encolheram com menos dias úteis. Nas cidades sedes, foram vários os feriados e todos estavam ligados no futebol. Isso afetou o mercado de trababalho. Em seguida, tivemos as eleições, com um debate muito efervescente. Aqueles que perderam o pleito mantiveram uma oposição rígida e continuaram uma campanha de afirmação de que o Brasil estava em crise. Tudo isso influenciou negativamente a atividade econômica, os planos de investimento e a expansão de empresas. Mas nem por isso o Brasil deixou de criar empregos.

Como foi a geração de vagas em dezembro?
Dezembro é um mês em que, historicamente, são extintos milhares de postos de trabalhos. Vamos ter, como nos outros anos, um número expressivo de redução. Mas, ainda assim, o estoque de empregados cresceu 1% ao longo do ano. A geração total de empregos foi maior que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy , admitiu a possibilidade de contração da atividade econômica no primeiro trimestre de 2015. Nesse contexto, o que ocorrerá com o mercado de trabalho?
Passamos por um momento de medidas corretivas para adequar a economia à nova realidade. Existem setores com previsão de investimento para segurar a criação de empregos. Foram concedidos mais de 4 mil quilômetros de rodovias que precisarão de trabalhadores. Os investimentos em portos ultrapassarão R$ 17 bilhões. O setor de petróleo e gás prevê que serão investidos R$ 50 bilhões e haverá abertura de vagas. O investimento estrangeiro também ultrapassará US$ 60 bilhões em 2015. Então, podemos esperar um resultado positivo para o ano.

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