A atual crise energética traz à tona dois problemas sérios do país: o planejamento e a gestão falha do setor elétrico; e a incapacidade do brasileiro de racionalizar o uso em tempos de fartura. Em 2001, quando houve apagão e quem não se adequasse sentiria no bolso, a população trocou lâmpadas, aposentou freezeres, desligou aparelhos, com efeitos determinantes para amenizar a crise. Mas, com o crescimento da economia e mais dinheiro no bolso, antigos costumes adquiridos durante o racionamento foram reacendidos.
De acordo levantamento da Cemig, distribuidora de energia de Minas Gerais, a redução do consumo ocorreu durante seis anos. Ano a ano, desde 2001, a população cuidou para que a conta de luz não viesse mais alta. Se em 2000, nos lares mineiros se usava, em média, 151,6 quilowatts por hora no mês (KWh/mês); em 2001, o consumo caiu 17,82% até atingir, em 2007, o menor patamar, 110,6KWh/mês.
No entanto, de acordo com o estudo, o consumo voltou a subir em casas e apartamentos. Com a estabilidade econômica, a redução do desemprego e o incentivo ao consumo, os bons hábitos foram deixados de lado. De 2008 para cá, o uso residencial subiu 18,26%, tendo superado o patamar de 2001, já em 2013. No país, no comparativo entre 2001 e 2013, o consumo nas residências foi a segunda categoria que mais aumentou. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) houve uma evolução de 69,64% no período. Em números absolutos, subiu de 73.622 gigawatt por hora (GWh) para 124.896GWh.
O sócio-diretor da Enecel Energia, Raimundo Batista, considera que o aumento identificado pelo levantamento da Cemig está associado à elevação da renda e também a um com certo relaxamento das pessoas. Segundo ele, a alta do salário mínimo na última década permitiu que uma parcela maior de brasileiros tivesse acesso a eletrodomésticos e eletrônicos. ;Seria ideal para o país que, a cada 10 anos, houvesse um racionamento para mudança de hábito.
Em Brasília, a auxiliar de enfermagem Francisca Lopes aprendeu a lição para não desperdiçar. A necessidade de economizar, a partir do apagão de 2001, fez com que ela fosse mais consciente. ;Já não gostava muito de tomar banho quente. Hoje, para reduzir o consumo, nem chuveiro elétrico eu tenho;, acrescentou. Francisca opta por roupas que não precisam ser passadas, usa lâmpadas de LED e o forno elétrico somente em ocasiões especiais. Até mesmo o uso da televisão é regrado.
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