Jornal Correio Braziliense

Economia

Embriaguez aumenta o risco de acidentes de trabalho, muitos fatais

O vício em bebidas alcoólicas não escolhe trabalhador, vai do chão da fábrica aos donos das companhias

Fernando* não se considera alcoólatra. ;Eu? De jeito nenhum;, responde, convicto. Tem 25 anos e trabalha na área administrativa de um cartório da capital do país. Bebe ; sozinho ou com os amigos ; pelo menos três vezes por semana. Perdeu a conta dos dias em que bateu o ponto virado da farra na noite anterior, de ressaca ou, como ele diz, ;doidão mesmo;. Certa vez, recorda aos risos, dormiu por quase uma hora no chão do banheiro do cartório, abraçado ao vaso sanitário para uso exclusivo de deficientes físicos. ;Ali é mais espaçoso;, justifica.



Demissões
Cerca de 5% dos que assumem beber com frequência ; um universo de 4,6 milhões de pessoas ; já perderam o emprego no Brasil devido ao consumo exagero de álcool, de acordo com o levantamento mais recente do Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A demissão por embriaguez, prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) como justa causa, tem sido condenada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), que recomenda o afastamento do trabalhador.

Estudos indicam que o índice de recuperação de alcoólatras quando acompanhados pelas empresas varia de 50% a 70%, enquanto os tratamentos na rede hospitalar registram média de 30%. ;Antes, o auxílio era baseado na ;chefia amiga;, no protecionismo. Hoje, os gestores estão entendendo melhor que um funcionário bêbado não traz lucro e que tratá-lo é importante para a empresa;, sustenta Rita Brum.

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