Jornal Correio Braziliense

Economia

Professor da UnB considera ajuste necessário para a volta do crescimento

Para ele, os ministros da área econômica não identificam também outras medidas no curto prazo que não sejam as que estão sendo utilizadas

O professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), Newton Marques, avalia que o governo federal tem acertado nas medidas para aumentar as receitas e equilibrar as contas públicas. Para ele, é importante que seja criado um ambiente positivo com a elevação do superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública), exigência dos credores e investidores do país. Newton Marques acredita que não existe alternativa para o país a não ser ;a retomada do crescimento econômico;.

Marques fez o comentário a propósito do anúncio, feito ontem (19) pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de aumento de tributos sobre combustíveis, sobre produtos importados e, também, sobre operações de crédito. A expectativa da equipe econômica é arrecadar R$ 20,6 bilhões neste ano com as alterações.

;As medidas são as possíveis que o governo tem para lançar mão no momento atual tendo em vista um ajuste fiscal. As nossas despesas são praticamente carimbadas: existe um engessamento delas. Sendo assim, o governo fica sem margem de manobra;, destacou.

Para ele, os ministros da área econômica não identificam também outras medidas no curto prazo que não sejam as que estão sendo utilizadas. Marques aguarda ainda a aprovação do Orçamento da União para analisar os novos cortes de despesas do governo. ;Na minha opinião acho que o governo acertou apesar da crítica dos progressistas que não gostam de ajustes como os que estão sendo feitos. Acredito que, a partir do momento em que houver também o corte das despesas [o Orçamento da União aguarda aprovação no Congresso Nacional, em recesso] acho que isso tranquilizará um pouco os agentes econômicos [setores produtivo e financeiro] nacional e internacional e aí o governo retomará o crescimento;, disse.



Na análise do professor, o governo oferece agora os instrumentos necessários para fazer o ajuste fiscal. O problema que ocorreu no ano passado, disse, foi a forte desaceleração da atividade econômica: isso fez cair a receita. ;Houve as desonerações [para estimular a economia] e os repasses para o BNDES, com isso o governo ficou apertado. Perdeu receita e aumentou despesas. Mas não existe almoço grátis. Mas não é possível esperar demais para fazer os ajustes já que eles não foram feitos anteriormente;, destacou. O professor concluiu lembrando que, desde que foi verificada uma desaceleração da atividade econômica, já era para ter sido feito um ajuste apropriado.