A seca provocada pelo menor índice de chuvas no final de 2013 e ao longo do ano passado foi um dos grandes vilões da inflação oficial em 2014. Segundo a coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos, ;a seca prejudicou tanto o abastecimento de energia quanto as lavouras;.
[SAIBAMAIS]Com o clima mais seco, a produtividade das lavouras cai e, consequentemente, há uma redução da oferta de alimentos no país e no mundo. Em 2014, por exemplo, os alimentos tiveram aumento de preços de 8,03%.
O custo da seca também acaba tendo influência indireta em alguns produtos. As carnes, por exemplo, foram o item que mais influenciou a inflação, com alta de preços de 22,21%. Com menos chuva, o pasto é prejudicado e isso aumenta o custo para alimentar o rebanho.
A seca também causou impacto no custo da energia elétrica. A falta de chuva esvaziou os reservatórios das usinas. Com menor potencial hidráulico, foi necessário produzir eletricidade a partir de usinas termelétricas, que é mais cara do que a energia produzida a partir da força da água.
Segundo Eulina Nunes dos Santos, as alterações climáticas vêm prejudicando a oferta de alimentos nos últimos anos. Em dez anos, a alta acumulada dos alimentos é 99,73%, enquanto a inflação acumulada no período foi 69,34%. ; A seca e, às vezes, a chuva em excesso têm prejudicado as lavouras não só no Brasil, como no mundo todo;, disse.
Há, no entanto, outros fatores que têm contribuído para a inflação, como a alta do dólar e o aumento da exportação de produtos como a própria carne. O aumento da demanda gerado pelo crescimento do emprego e da renda também tem seu impacto nos preços.
Os alimentos fora de casa, por exemplo, ficaram 136,14% mais caros em dez anos. ;As pessoas procuram mais a refeição fora de casa. Há ainda o aumento do custo dos estabelecimentos, com elevação dos alimentos, do aluguel e dos salários. Os custos fazem com que esses preços aumentem;, disse.
Outros itens com alta de preços acima da média, nos últimos dez anos, foram o aluguel residencial (100,49%) e o empregado doméstico (181,89%).