A carestia persistentemente elevada, que estourou o teto da meta de inflação durante quatro meses consecutivos este ano, foi considerada ;sob controle; pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que disse, durante participação nesta terça-feira (9/12) em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional, que o controle dos preços se deu mesmo diante de ;ventos contrários; na economia internacional.
Significa dizer o seguinte: se, nos últimos anos, o que pesou no bolso foram os preços salgados de alimentos e serviços, que não dependem do controle do governo, agora a fatura maior a pagar será de tarifas públicas de energia, água e de transportes públicos, que terão reajustes expressivos após anos de represamento estatal.
Tombini deixou claro que o BC trabalha para trazer a inflação para a meta de 4,5% ao ano ;o mais rápido possível;, mas reconheceu que o desafio é maior tendo em vista ;o balanço de riscos menos favorável; à condução da política monetária.
Por isso, reforçou o presidente do BC, ;não deve ser tomado como surpresa um cenário que contemple inflação acima dos níveis (do teto) da meta;. Não será uma situação inédita, já que, em 2014, durante seis meses, o IPCA já cravou o limite de meta, de 6,5%, superando esse patamar nos últimos quatro meses.
A boa notícia, disse Tombini, é que depois desse período de ;ajustes; nos preços relativos, ;a inflação deve iniciar um longo período de declínio;, assegurou. Ele frisou, no entanto, que o horizonte da política monetária ;se estende até o fim de 2016;. Mas avaliou que, uma vez tendo alcançado esse objetivo, os ganhos de se conter a escalada de preços serão permanentes para a sociedade. ;Não se pode perder de vista que os ganhos decorrentes da trajetória de metas poderão se estender por muitos anos;, disse.
Para isso, o BC conta com os efeitos ;cumulativos e defasados das ações de política monetária;, uma alusão ao ciclo de aperto nos juros básicos, retomados no fim de outubro, quando, três dias após o segundo turno das eleições presidenciais, o Comitê de Política Monetária (Copom) votou, em decisão dividida, elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual. Na semana passada, na ultima reunião do órgão em 2014, houve novo aperto nos juros, de forma ainda mais intensa: 0,5 ponto percentual, elevando a Selic para 11,75% ao ano.
Se for necessário, assegurou Tombini, o BC será ainda mais radical na condução da política econômica, de modo a trazer a inflação para baixo. ;Não haverá complacência por parte do BC;, garantiu. Não por outro motivo, ele frisou, ;nas atuais circunstancias, a política monetária deve continuar ativa;, de modo a evitar que os ajustes de preços ;se espalhem para o restante da economia, por meio do aumento da inflação;.