Jornal Correio Braziliense

Economia

Economia cresce 0,1% no terceiro trimestre e país sai da recessão

Seja qual for o resultado, é certo que o país terá em 2014 o pior desempenho econômico desde o estouro da crise de 2009, quando o PIB encolheu 0,3%

Rio de Janeiro - Após mergulhar numa recessão técnica na primeira metade do ano, finalmente a economia voltou a crescer. Entre julho e setembro, o Produto Interno Bruto (PIB) registrou pequeno avanço de 0,1%. As apostas do mercado financeiro eram de uma alta entre 0,1% e 0,2%. O resultado, no entanto, é insuficiente para reverter o mau desempenho econômico em 2014, já que os números divulgados esta sexta-feira (28/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não indicam, por enquanto, que a melhora recente seja um sinal de retomada mais forte do crescimento. Em nota, o Ministério da Fazenda falou em "retomada do crescimento econômico, embora em ritmo ainda modesto".

No ano, o PIB avançou 0,2%. E, no acumulado em quatro trimestres, a expansão foi de 0,7%. O problema é que, até dezembro, as estimativas ainda são de um quadro desolador. Na melhor das hipóteses, dizem os analistas, o país conseguirá avançar apenas 0,2% este ano.

Consumo

Como o Correio antecipou, boa parte do desempenho positivo no terceiro trimestre foi puxado pelo consumo do governo, que acelerou entre julho e setembro, justamente durante o período pré-eleitoral. Não à toa, o Tesouro Nacional registrou rombo no caixa por cinco meses seguidos, até setembro. No trimestre, a alta foi de 1,3%. Foi o quarto avanço em cinco trimestres. No acumulado do ano, a elevação contabilizada pelo IBGE já é de 2%.

[SAIBAMAIS]Se os gastos do governo não param de crescer, o mesmo não se pode dizer do consumo das famílias, que desacelerou à medida que a escalada da inflação e dos juros ao consumidor solaparam a renda disponível. No terceiro trimestre, o consumo das famílias encolheu 0,3%.

O resultado ainda é ainda pior quando observado o retrospecto do ano. No primeiro trimestre de 2014, os gastos do consumidor encolheram 0,2%. Nos três meses seguintes houve pequeno avanço de 0,3%, resultado que praticamente só recuperou o tombo registrado anteriormente. Agora, no ano, o crescimento é de 1,2%. E, no acumulado em quatro trimestres, a alta é de 1,5%.

Sem o motor do consumo, o crescimento empacou. Mesmo com a alta mostrada hoje pelo IBGE no terceiro trimestre, ela não será suficiente para reverter uma tendência de piora da economia que persiste durante todo o ano, assinalou Marcos Troyjo, professor da Columbia University, em Nova York. ;A gente saiu da recessão técnica, mas o PIB ainda está beirando o zero;, refletiu o economista brasileiro, que é e diretor do Centro de Estudos sobre Brasil, Rússia, Índia e China (BRICLab).

Alexandre Ázara, economista-chefe do banco Modal, projeta para o quatro trimestre uma forte queda do PIB superior à 1%. ;No ano, o desempenho seria zero;, disse ele. Seja qual for o resultado, é certo que o país terá em 2014 o pior desempenho econômico desde o estouro da crise de 2009, quando o PIB encolheu 0,3%.

Ministério da Fazenda

Em nota, o Ministério da Fazenda destacou que apesar de o ritmo ainda ser inferior ao desejado do PIB brasileiro, o país registrou a expansão de 1,7% da indústria e de 1,3% dos investimentos e em outubro a menor taxa de desemprego da série histórica, 4,7%.

Segundo a pasta, a economia brasileira apresenta fundamentos macroeconômicos sólidos e tem todas as condições para apresentar no quarto trimestre, e em 2015 um crescimento mais intenso, para garantir e ampliar as conquistas da população brasileira, em especial para a população trabalhadora e de menor renda.