Quando instalou um escritório no Brasil, há oito anos, a francesa Voltalia pouco ouvia falar de investimentos em energias renováveis no país. Atuante na Guiana Francesa, a empresa tateava investimentos por aqui. Hoje, a Voltalia inaugura o primeiro parque eólico da empresa, na cidade de Areia Branca, no interior do Rio Grande do Norte.
Com um investimento de R$ 40 milhões, a empresa colocará em funcionamento 30 turbinas com capacidade de 3MW cada. No mesmo local, outros dois parques nas mesmas proporções devem entrar em funcionamento até janeiro do ano que vem, com capacidade de 60MW. No total, o complexo será capaz de abastecer o equivalente a 183 mil famílias.
Inicialmente, o objetivo da Voltalia no país eram as pequenas centrais hidrelétricas (PCH;s) e a biomassa. ;Mas chegamos tarde. Muita gente já investia na área e havia uma enorme dificuldade de segurança no fornecimento de matéria prima. Vimos muita gente falir por isso;, lembra o diretor-geral da empresa no Brasil, Robert Klein.
A mudança no discurso do governo em relação às energias renováveis mudou o foco da Voltalia para a energia eólica. Vencedora de leilões em 2011 e 2013, a empresa ainda tem investimentos em outras duas regiões do estado do Rio Grande do Norte. Ao fim da construção de todos os parques, a capacidade a ser gerada deve ser de 400MW, o suficiente para fornecer energia para 800 mil famílias. O investimento total fica em torno de R$ 2 bilhões, entre recursos próprios e financiamentos.
;Era um gargalo no Nordeste. E o governo começou a acreditar na eólica, ou ao menos se dispôs a tentar;, diz Klein. Ele conta que, inicialmente, ele e uma equipe de engenheiros percorreram a região litorânea do estado nordestino negociando com fundiários o direito de passagem das redes de transmissão pela terra. ;Era algo ainda não palpável. Tínhamos que explicar o que era energia eólica e como funcionaria;, conta.
Hoje, a construção dos três parques em Areia Branca emprega 700 pessoas diretamente e 3 mil indiretamente. ;Fizemos até mesmo cursos de como fazer quentinha para as pessoas na região venderem para os operários;, diz Klein. A mão de obra especializada, de técnicos e engenheiros, ele buscou nas universidades, gente jovem que mandou para a França estagiar. ;São pessoas que hoje têm entre 27 e 28 anos e são especialistas em eólica;.
Economia
A instabilidade da economia brasileira tampouco diminuiu o fôlego dos investimentos da Voltalia. Segundo o diretor-geral, a crise energética no país evidencia um gargalo em que a empresa quer atuar. ;A instabilidade não é boa, traz incertezas sobre o retorno dos investimentos. Mas a crise energética mostra que o país continua precisando de energia. A desvalorização do real afeta um pouco, por conta da compra de equipamentos, mas a crise não nos afeta tanto;, conclui.
(A repórter viajou a convite da Voltalia)