O ministro interino do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Mauro Borges, também está demissionário. Ele contou que entregou sua carta de exoneração ontem e negou que a medida tenha sido um pedido do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. O anúncio vem um dia depois que a ministra da Cultura, Marta Suplicy, publicou carta de demissão do cargo, enquanto a presidente Dilma cumpre agenda fora do país - a chefe do executivo participa da reunião do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo.
;Tem uma visão geral de todos os ministros de que é o momento adequado. Estamos dentro do calendário da transição e no início dela. É natural que isso aconteça. Evidentemente, que nos falamos. Existe uma comunicação entre os ministros, com próprio ministro Mercadante, que é o coordenador. Mas esse é um procedimento absolutamente usual;, disse ele acrescentando que voltará a assumir suas funções da Universidade Federal de Minas Gerais, onde é professor titular. ;Meu plano é continuar ajudando o Brasil;, emendou.
Balanço
O ministro, que também é presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), participou do seminário internacional ;Indústria para quê?;, organizado pela entidade, nesta quarta-feira, em Brasília. Em razão dos 10 anos da organização e do balanço das ações do Plano Brasil Maior, lançado em 2011. Segundo dados da ABDI e do Ministério da Fazenda, a renúncia fiscal por conta da desoneração da folha de pagamento, somou R$ 195 bilhões em quatro anos do programa, sendo que a estimada para este ano é de R$ 21,6 bilhões. De 2015 até 2017, serão mais R$ 82,9 bilhões em desonerações previstas.
Na avaliação de especialistas, no entanto, esse programa que tem uma série de ações não tem contribuído para acelerar o crescimento do país, cuja taxa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) vem encolhendo ano a ano e, em 2014, deve ter uma avanço de apenas 0,2%. Borges admitiu que as ações são de longo prazo, como é o caso da política de inovação InovaEmpresa, e, por isso, não surtiram efeito no crescimento do país a curto prazo. ;Muitas vezes há cobranças de políticas estruturantes de longo prazo como resultado de uma política macroeconômica, de taxa de juros ou de mudança do câmbio. O tempo de maturação do Inova Empresa, por exemplo, é de dois a cinco anos e das plataformas de conhecimento, de cinco a dez anos. Esse é um prazo que todo mundo pratica. Não estamos inventando a roda;, disse.
Na última segunda-feira, ele contou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fechou R$ 28 bilhões de contratos para o programa InovaEmpresa, envolvendo um universo de mais de 300 companhias diretamente envolvidas. ;Esse programa está fazendo pouco mais de uma ano e o nível de resultado é altíssimo;, afirmou.
Emprego em queda
Ao comentar os números fracos de queda no emprego na indústria brasileira pelo sexto mês seguido, o ministro tentou demonstrar confiança na economia do país, que atravessa recessão técnica. ;A queda do emprego reflete o baixo nível do produto industrial neste ano. Nossa expectativa é uma posição mais otimista que vamos fechar o ano com o nível da produção industrial do ano passado. A indústria vai ficar no mesmo nível;, afirmou.
Ao mesmo tempo, ele demonstrou preocupação. ;Acredito que qualquer coisa abaixo disso vai resultar em uma taxa negativa de emprego na indústria. O que é muito ruim e a gente está preocupado há muito tempo. Esperamos que o ano que vem seja um ano melhor para a indústria e que a gente recupere esse emprego;, afirmou ele destacando que, desde 2008, os países desenvolvidos tiveram queda em torno de 15% a 20%, excluindo a Espanha. ;No Brasil, a queda é de 2,5%, no mesmo período. É algo relativamente pequeno e a gente conseguiu de fato com a política industrial preservar o emprego;, emendou.
A taxa de emprego na indústria, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados hoje, caiu 0,7% em setembro.