A queda do preço internacional do minério de ferro e a situação econômica da Argentina foram os principais fatores que contribuíram para o resultado negativo da balança comercial ; diferença entre exportações e importações ; em outubro. A avaliação é do secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho, ao comentar o resultado negativo de US$ 1,117 bilhão na balança comercial em outubro, o pior para o mês desde 1998.
Segundo o secretário, a forte base de comparação em relação a outubro do ano passado também interferiu no saldo negativo. Em outubro de 2013, a plataforma de petróleo P-55, produzida em Rio Grande (RS), foi vendida a uma subsidiária da Petrobras com sede no exterior. Registrada como exportação, a operação engordou o saldo da balança comercial em US$ 1,9 bilhão no ano passado, apesar de o equipamento não ter deixado o país. Autorizada pelas normas comerciais internacionais, a venda não se repetiu em outubro deste ano, puxando o saldo para baixo.
De acordo com Godinho, o efeito estatístico da exportação da plataforma estava previsto pelo governo. No entanto, ele admitiu que a queda de preços das commodities (bens primários com cotação no mercado internacional), principalmente do minério de ferro, está mais acentuada que as projeções do governo.
;O preço do minério de ferro caiu 20% no ano. Somente em outubro, a queda chegou a 40% em relação a outubro do ano passado. Se a mesma quantidade de minério tivesse sido exportada a preços de 2013, teríamos US$ 5,4 bilhões a mais de exportações em 2014;, declarou Godinho. Por causa do minério de ferro, a China deixou de ser o principal destino das exportações brasileiras em outubro, sendo superada pelos Estados Unidos, o que não ocorria desde janeiro de 2013.
O secretário também destacou a queda da demanda da Argentina, como um dos fatores responsáveis pela queda das exportações neste ano. ;A Argentina é o nosso terceiro parceiro comercial e o principal comprador de manufaturados brasileiros. Até o momento, as exportações para lá caíram 27% no ano. As vendas de manufaturados caíram 29%. Somente as exportações de automóveis [para a Argentina] têm queda de 44% em 2014;, ressaltou.
Outros produtos, no entanto, registram bom desempenho em 2014. Beneficiada pelo fim do embargo da Rússia, a carne suína registrou recorde de exportação em outubro, com vendas de US$ 183 milhões. Somente em 2014, as vendas de carne suína cresceram 17,1% em relação ao ano passado. Os embarques de carne bovina acumulam alta de 11,6%.